segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Cidadania Planetária



estudos apresentados por Bianca, Ivone, Zeno, Camila


EDUCAR PARA A CIDADANIA PLANETÁRIA
- EIS UM DOS DESAFIOS DA ECOPEDAGOGIA.

Cidadania planetária é uma expressão que abarca um conjunto de princípios, valores e atitudes que demonstra uma nova percepção da Terra como uma única comunidade. É preciso que se trabalhe pedagogicamente a partir da vida, do dia a dia, do cotidiano, a partir das necessidades e interesses das pessoas. É nesse sentido que a Ecopedagogia é a pedagogia que promove a aprendizagem do sentido das coisas a partir da vida cotidiana. É uma pedagogia democrática e solidária, porque, encontramos nela, sentido ao caminhar, e não apenas observando o caminho. Toda e qualquer atividade que ajude o educando a perceber sua relação com o mundo que o cerca, que o auxilie a viver em harmonia com a Natureza, que desperte sua conciência para a necessidar do CUIDAR em qualquer instância de sua vida, estará desenvolvendo a Cidadania Planetária. Enquanto o ser humano não for capaz de cuidar de cada metro cúbico de onde vive, não poderá participar com êxito da preservação da vida e do meio ambiente. "A Carta da Terra precisa estar associada à Agenda 21 e ter um grande suporte na sociedade civil. Os governos podem assinar tratados, podem adotar a Carta da Terra, porém não cumprirão suas promessas se a sociedade civil não estiver vigilante e não pressionar os governantes para que eles cumpram o que assumiram. O que foi socialmente construído pode ser socialmente transformado. Precisamos chegar lá juntos e, sobretudo, em tempo." Moacir Gadotti

O Professor Celso Marques trouxe um exemplo de como exercer a cidadania planetária, a partir de nosso cotidiano, expresso no cuidado do sentinela do pampa com o seu meio.

"Temos na paisagem do Pampa riograndense um pássaro chamado quero-quero, que é considerado a sentinela do Pampa. O quero-quero, diferentemente de outras aves, faz os seus ninhos no chão, vivendo a maior parte do tempo em contato com a terra e apegado ao lugar onde vive. A este lugar em que o quero-quero, outros bichos e o próprio ser humano costumam ficar, no linguajar gaúcho nós chamamos de "querência". Em português esta palavra se reporta ao verbo querer. A querência é um lugar que tem uma vontade, um querer originário, conforme a própria etimologia da palavra indica. Mas não é um querer isolado e separado do querer humano, dos animais e das plantas que ali vivem. O querer da querência requer o querer de tudo o que ali vive, de tudo o que pertence ao lugar, inclusive a paisagem. Ser apegado a um determinado lugar é ser aquerenciado. O processo de se apegar a um lugar se expressa com o verbo "aquerenciar". Ser aquerenciado significa também estar de bem com a vida, estar na posse da plenitude do sentido da vida. Na sabedoria camponesa aqui do sul do Brasil, da Argentina e do Uruguai, do gaúcho, a felicidade é o próprio sentido de pertencer a um lugar. A querência é a intimidade com a natureza e com as coisas do local em que se vive. É ser parte das histórias das pessoas, dos animais e das plantas de um lugar. É ter a própria identidade pessoal, a própria história individual, inseparável de toda a teia destas histórias. É estar em casa no mundo. Por outro lado a pessoa que é infeliz, que não encontrou o seu lugar no mundo, que está de mal com a vida, é "desaquerenciada". A pessoa desaquerenciada não tem paradeiro fixo, vive inquieta, sempre a procura de um outro lugar, insatisfeita, angustiada, no estado de carência, de falta. Na perspectiva da sabedoria gaúcha, o problema ecológico é a humanidade estar desaquerenciada da Mãe Terra, da Pachamama, de Gaia, a suprema morada do homem. O Fórum Social Mundial é a uma tentativa planetária de aquerenciar a humanidade na Terra. Mas para que isso aconteça, cada ser humano deve ser alerta e vigilante como o quero-quero, deve exercer a sua condição de cidadania planetária defendendo a Terra e a Humanidade em cada local onde vive. Cada cidadão do mundo pode se inspirar no exemplo da sentinela do Pampa: ao pressentir a aproximação de um perigo, o quero-quero dá o alarme, começa a gritar o canto que deu origem ao seu nome e a fazer investidas contra o intruso através de vôos rasantes. "

Trabalhos da Conferência de Fritjof Capra, Auditório Araújo Vianna, em Porto Alegre, no sábado, 25 de janeiro de 2003.

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