domingo, 23 de janeiro de 2011

Projetos da Religiosidade pela Natureza

A ecopedagogia revela princípios ecológicos buscando, através do conhecimento, o despertar da consciência sobre o meio e, a partir de ações cotidianas, desencadear o movimento de transformação necessária. Através da analise do contexto, é uma pedagogia que visa sensibilizar, informar e criar processo de aprendizagem que resgate valores como o cuidado.
A FAUERS - Federação AfroUmbandista e Espiritualista do Rio Grande do Sul, através do Projeto Oficinas, como educação não-formal, proporciona, “leitura do mundo” e a “leitura da palavra”, oportunizando aprendizagem num processo interativo e lúdico. Difundindo os princípios da cidadania planetária e saberes que possam resultar em respeito à todas as formas de vida e no convívio em harmonia com o ambiente, organizou a oficina ecológica Barco da Iemanja. Tal movimento se originou da análise sobre os resultados das homenagens que acabaram por agredir a natureza na entrega das oferendas. Foi verificado que nos presentes entregues ao mar da Mãe Iemanjá são por demais utilizados e devolvidos as madeiras, os pregos, os plásticos e vidros...Dentro da proposta de reflexão sobre tais atos a oficina tem o objetivo de desenvolver habilidades, estimulando a reflexão sobre o cuidado com o mar e o senso estético. Os participantes aprendem como transformar materiais reciclados num lindo barco de oferendas para a Mãe Iemanjá que se decompõe facilmente.
No domingo 23/01/11, no parque Eduardo Gomes/Capão do Corvo, em Canoas, a educadora Luciana de Oxum, da Casa de Caridade Pai Thomé, organizou o material para realizar a primeira oficina: os moldes, tesouras sem ponta, papelão, jornais usados, cola, papel crepom e tinta guache para o acabamento das peças.

Utilizando de desenho, recorte, rasgadura, colagem, montagens, pintura e decoração, crianças, jovens e adultos da religiosidade, passo a passo, conheceram e/ou experimentaram uma nova possibilidade de construir o presente a Mãe Iemanjá sem agredir o seu reino.






A religião como fato antropológico e social faz parte da vida da maioria da população. Através dela, o ser humano, enquanto sujeito imerso culturalmente aprende sobre o valor da vida e suas manifestações. O Brasil, como Estado plural e laico, tem uma cultura de grande riqueza e valor e, tal diversidade, deve ser apresentada nas mais diversas oportunidades a população. Conhecer as visões de mundo, e as suas expressões, exige aproximação, atitude de grande abertura e despojamento, desenvolvendo outros valores como empatia, respeito e cuidado.
A educação não-formal, dentro do movimento pela ecopedagogia, também provoca reflexão e debate sobre a realidade nas comunidades, gerando a disseminação de conhecimentos e vivências que proporcionam crescimento e autonomia aos agentes sociais, que fazem a sua história, transformando a realidade.


Na quinta-feira - 27/01/11 as 19h, na sede da FAUERS, aconteceu a segunda oficina do Barco da Iemanjá.





Na ocasião esteve presente realizando a oficina Lucía, aluna bolsista de iniciação científica da UFRGS que, juntamente com Stela, e sob a orientação do Professor Dr. Carlos Steil, vem participando dos eventos da FAUERS relativos ao meio ambiente. Eles estarão realizando a pesquisa Ambientalização Social da Religião, em parceria com os alunos bolsistas Pádula e Jorge da PUC, sob a orientação da Professora Drª Isabel Carvalho, sobre a produção da Cartilha Ecológica, buscando compreender a sua dimensão religiosa, pedagógica e ecológica no contexto da comunidade afroumbandista e espiritualista. Conforme a Professora Isabel o interesse é perceber processos de ambientalização de práticas de educação não formal e a presença da sensibilidade ecológica em tradições ecológicas, contribuindo com a compreensão das relações sociedade, ambiente e educação, valorizando tais práticas.
Tal pesquisa estará sendo aqui relatada ao longo de 2011.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Mensagem de início de ano


...não só a flora e fauna silvestres estão ameaçados, mas nós humanos também, talvez até mais do que muitas outras espécies.... E o pior é que isso já era sabido, estava previsto e era divulgado há bastante tempo a quem se dispusesse a prestar atenção.

- Florestas Tropicais & Clima
http://www.fgaia.org.br/texts/florestas.html

‘Brasil vive a pior catástrofe natural de sua história’
As notícias podem ser acompanhadas em vários jornais, telejornais, sites e revistas.
Na primeira quinzena de janeiro de 2011 o Brasil depara-se com chuvas torrenciais, deslizamentos de terra, cheias de córregos: calamidade pública. Ao mesmo tempo outras regiões enfrentam a estiagem e, no sul, a seca coloca cidades em estado de emergência.
Fenômenos extremos com conseqüências desastrosas, independente das classes sociais.
Vamos relembrar a Carta de Belgrado (1975) que apresenta uma proposta para estruturação da educação ambiental das populações no sentido de disponibilizar o conhecimento sobre o seu ambiente natural para o agir na preservação. Temos muito o que avançar na reforma dos processos e sistemas educacionais:

- para a ética de valores e nas relações;

- para tratar o ambiente como um todo, no compromisso com a qualidade do meio natural e social;

- para compreender e analizar as consequências de nossas ações, reduzindo os efeitos nocivos;

- para que possamos ir além da reutilização e da reciclagem, para reduzir o consumo, em vista de que os recursos são esgotáveis, assim como a natureza se esgota no receber nossos resíduos.

Os problemas - ambientais e sociais - que enfrentamos enquanto sociedade são locais e globais. A Ecopedagogia propõe estudo que provoque o olhar sobre este meio, propõe nosso ensino e aprendizagem sobre crescimento, consumo e reservas enquanto seres fazendo parte do todo, que interferem e sofrem as ações deste todo, com o objetivo de movimentar a ação local com visão global, na busca pelo desenvolvimento sustentável.


O desenvolvimento econômico e o cuidado com o meio ambiente são compatíveis, interdependentes e necessários. A alta produtividade, a tecnologia moderna e o desenvolvimento econômico podem e devem coexistir com um meio ambiente saudável (DIAS, 1994: 141).

O desenvolvimento econômico e o bem-estar do homem dependem dos recursos da terra. O desenvolvimento sustentável é simplesmente impossível se for permitido que a degradação ambiental continue (UNESCO/UNEP, 1983 apud DIAS, 1994: 143).

Esse desenvolvimento (econômico) acontece em sua plenitude na cidade, guiada pela industrialização . Pois, as cidades são os locais onde o homem produz o seu maior impacto sobre a natureza. A sua construção alteram de modo drástico os ambientes naturais onde são erguidas, criando um novo ambiente com demandas únicas, em que cada habitante, em média, consome diariamente 560 l de água, 1,8 Kg de alimentos, 8,6 Kg de combustível fóssil e produz cerca de 450 L de água servidas (sujas), 1,8 Kg de lixo e 0,9 Kg de poluentes do ar (UNESCO/UNESP, 1983 apud DIAS, 1994: 143 ).

http://cdcc.usp.br/ciencia/artigos/art_42/aprendendo.html