sábado, 8 de dezembro de 2012

Cuidar do jardim da vida

'A verdadeira, a mais profunda
ESPIRITUALIDADE
consiste em sentir-nos parte integrante deste
maravilhoso e misterioso processo que caracteriza
GAIA nosso planeta vivo: 
a fantástica sinfonia da evolução orgânica
que nos deu origem
junto com milhões de outras espécies.
É sentir-nos responsáveis pela sua continuação e desdobramento.'
                                                                            J.A. Lutzenberger
Conheça este local com uma "...proposta que integra arte e cultura, homenageia-se Lutzenberger e contribuiu-se para a formação de uma cultura mais consciente e responsável pela grande diversidade que dá Vida à nossa Terra. Reunir José Lutzenberger e Mario Quintana no mesmo espaço é destacar a poesia inerente à natureza e fortalecer o papel da natureza na poesia. Passear por um jardim é nutrir a alma e conduzi-la pela fantasia do mundo real em sua miríade de cores, texturas, aromas, formas e demais estímulos. Não há natureza sem poesia e, como bem nos ilustra o poeta Mario Quintana, não há poesia sem natureza.
Texto de Edgar Salla, biólogo e paisagista que mantém os jardins da Casa.
Fonte: http://www.fgaia.org.br

" O segredo é não correr atrás das borboletas...
é cuidar do jardim para que elas venham até você."
                                                                                           Mario Quintana
                                                                             

domingo, 2 de dezembro de 2012

Cuidados com a Vida - Pilares da Liberdade

Uma sociedade livre não é aquela onde todos são livres para fazer o que desejam. Ao contrário, está onde minha liberdade respeita a sua, onde ouvimos o grito de pessoas às margens e as trazemos para o centro de nossa preocupação. Uma sociedade livre é uma sociedade responsável. É, e sempre será, uma conquista moral.



Em algum ponto ao longo do caminho, esquecemos esta verdade e começamos a crer que a liberdade é realmente a ausência de restrições. Faça o que quiser, desde que isso não prejudique os outros de maneira óbvia. Sexo sem complicações. Drogas sem conseqüências. Relacionamentos sem compromisso. Direitos sem obrigações. Uma sociedade livre quer dizer milhões de pessoas fazendo o que desejam.
Parecia funcionar a princípio. Talvez ainda funcione. Mas o que acontece quando descobrirmos que são na verdade, vítimas. Crianças que jamais conheceram uma família estável e portanto, o que é fazer um pacto de amor? Adultos que passaram pela vida sem jamais se aventurarem pelo risco do compromisso? Uma cultura na qual palavras como discrição, honra, fidelidade, confiança, são destituídas de qualquer significado? Um ambiente que nos encoraja a comprar alguma coisa, ao invés de ser alguma coisa?
Para ler mais:

Pilares

Miro Saldanha


Pai vim conhecer tua morada
Me renovar na tua proteção
Vim seguindo os teus passos pela estrada,
Com a alma no olhar, chapéu na mão.
Meu sangue tem o sangue dos caudilhos
Meu mundo foi o lombo de um cavalo
Mas esse mundo novo é dos meus filhos
E sendo pai, bem sabes do que falo.
O homem por ser livre criou asas
E faz da liberdade um prisão
Ta tudo errado, pai caiu a casa
Por isso eu vim te abrir meu coração.
Me ajuda pai, quero criar meus filhos
Do jeito que meu pai criou a mim
Me ensina vencer tantos empecilhos
E acreditar no certo até o fim.
Que a força da verdade ainda vale
Do jeito que valia de onde eu vim
Pois temo que meu filho um dia fale
Verdades mudam, pai, não é assim.
Tentei falar de amor e do respeito
Do tempo em que se amava uma vez só
Disseram que eu revisse meus conceitos
Pois tudo que ta velho vira pó.
Vejo meninas moças se vendendo
Já cega pelos brilho dos anéis
Casamentos de amigos se perdendo
Jogados pelos ralos dos motéis.
Não deixa, pai, que caiam os pilares
Os poucos que ainda estão de pé
Lá fora a droga ronda nossos lares
E eu vim aqui pra não perder a fé



Nestes tempos chegados...de princípios e fins...


O sociólogo polonês Zygmunt Bauman, 84 anos, escreve sobre o momento histórico no qual  vivemos sob a metáfora da liquidez. No mundo contemporâneo cujo contexto se desfaz e refaz a todo instante, numa velocidade cada vez maior,  nada mais é tão palpável como fomos acostumados a lidar, onde as possibilidades, como as problemáticas, se avolumam. A falta de coerência e de direção do fluxo dos acontecimentos, muitos deles virtuais, atinge nossos inconscientes, nos conduzem pela correnteza do cotidiano, nos colocam em meio a situações cujas ações, quando definidas, já não são as mais adequadas, e as soluções escorrem pelos dedos.

É o mundo de incertezas que Morin apontava em 2000, através de seu livro Os sete saberes necessários à educação do futuro, alertando para a necessária ética em seus pilares no respeito, na justiça e na dignidade para a convivência saudável e bem estar social.

Em entrevista à ISTOÉ, por e-mail, Bauman nos ajuda a refletir sobre as consequências desta avalanche no mundo líquido, muitas preocupantes, entre elas a indiferença e ressentimento mútuo. E suas causas, cujos temas atingem a sociedade brasileira, tais como: consumo como soluções às frustrações, tráfico de drogas,  relacionamentos virtuais, valores momentâneos, liberdade, violência, 
insegurança, ...

ISTOÉ - As pessoas estão conscientes dessa situação?


ZYGMUNT BAUMAN - Acredito que todos estamos cientes disso, num grau ou outro. Pelo menos às vezes, quando uma catástrofe, natural ou provocada pelo homem, torna impossível ignorar as falhas. Portanto, não é uma questão de “abrir os olhos”. O verdadeiro problema é: quem é capaz de fazer o que deve ser feito para evitar o desastre que já podemos prever? O problema não é a nossa falta de conhecimento, mas a falta de um agente capaz de fazer o que o conhecimento nos diz ser necessário fazer, e urgentemente. Por exemplo: estamos todos conscientes das conseqüências apocalípticas do aquecimento do planeta. E todos estamos conscientes de que os recursos planetários serão incapazes de sustentar a nossa filosofia e prática de “crescimento econômico infinito” e de crescimento infinito do consumo. Sabemos que esses recursos estão rapidamente se aproximando de seu esgotamento. Estamos conscientes — mas e daí? Há poucos (ou nenhum) sinais de que, de própria vontade, estamos caminhando para mudar as formas de vida que estão na origem de todos esses problemas. (grifo nosso)

Trazendo novamente os saberes necessários  de Morin, estamos ameaçados pelo erro e pela ilusão, uma vez que o mundo se apresenta sob vários pontos de vistas, nos provocando a sair da comodidade de um ponto conhecido e olhar sobre vários ângulos a fim de se compreender os fenômenos e suas causas. A transição de paradigmas, que são poderosos sobre as idéias, partindo-se da concepção positivista (real, certo, preciso,... ordem e progresso) para o da complexidade (ordem, desordem, auto-organização, integração e desintegração,...) movimenta conhecimentos e sentimentos, uma vez que, as consciências partem de um modelo conhecido, absoluto, de certezas incontestáveis, tendo que rever valores e reverter conceitos, reconhecendo-os a partir de uma visão mais ampla, flexível e aberta. Para a compreensão deste processo com características, ainda, da provisoriedade, do imprevisto, da divergência, é necessário o desenvolvimento do pensamento complexo na tomada de consciência e cuidado com as relações na contemporaneidade.



Princípios Miro Saldanha

Moça, escuta um minuto e me olha de frente!
Eu tenho em caráter urgente o que vou te falar!
O brilho em meus olhos demonstra que são verdadeiras
As poucas palavras matreiras que eu tento juntar.
Começo é desfile de imagens, promessas vazias,
Posturas que o dia-a-dia vai desmascarar;
Por isso, é melhor me mostrar;
Talvez pra parar por aqui
Se, acaso, conceitos antigos não sirvam pra ti.

Eu creio que a mãe amamenta e que o seio é pureza;
Que o pai põe o pão sobre a mesa e retira o chapéu;
E que, enquanto existir Deus no céu
E um teto por sobre um casal,
O amor repetirá no tempo esse mesmo ritual!


E ainda que o mundo, girando, no abismo se jogue,
E o homem, sem rumo, se afogue em prazeres banais,
Quando o sol, que fecunda os trigais,
Voltar a deitar sobre a flor,
Guitarras pontearão milongas pra falar do amor!
Que bom que a mulher, hoje em dia, apressou o passo
E ajuda a segurar os laços de uma relação!
Mas a idéia de casa e família virou sacrifício
E eu não vejo a rua e o vício como evolução.
Eu te quero, e não é pra brinquedo de casa e separa!
E é bom que quem olha na cara veja o coração!
Entendo que os tempos mudaram!
Porém, pelo sim, pelo não,
Princípios resistem ao tempo e jamais mudarão.


...Guitarras pontearão milongas pra falar do amor!
Guitarras pontearão milongas pra falar do amor!