quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

As diferentes formas de expressão artístico-culturais em defesa da vida.


ECOPEDAGOGIA
As diferentes formas de expressão artístico-culturais em defesa da vida.
Maria Inês Pacheco
Pedagoga
Orientadora Educacional
Supervisora Escolar

A Ecologia é presença marcante na vida cotidiana. Dificilmente passamos um dia sem registrar uma referência as questões do Meio Ambiente e seus efeitos abrangentes através de notícias sobre o clima, a fauna, a flora, a água, lixo, e etc... Trabalhar o tema é cada vez mais necessário em todas as áreas para se ter uma reflexão crítica sobre o fenômeno da consciência ecológica. Sendo um tema presente em nossas vidas é preciso verificar o quanto estamos, realmente, envolvidos, buscando conhecer e contribuir para com nossa realidade local e global.
Em nossa sociedade, através do círculo vicioso do consumismo, no cenário da era do descartável, o lixo avoluma. Necessitamos, a todo instante, adquirir tecnologias e facilidades: roupas, carros, eletrodomésticos, celulares, alimentos embalados, lanches, todo o tipo de materiais. Na modernidade, ainda, os objetos em geral têm a característica de menos durabilidade necessitando de reposição em curto prazo. Este fenômeno tem atingido diretamente o meio ambiente, produzindo impactos dos mais preocupantes na natureza, pois temos lidado com estas sobras de materiais como lixo, quando é imprescindível reconhecer aquele que pode, e deve, ser reaproveitado e aquele cuja utilização é maléfica. Os ecossistemas são prejudicados pelos produtos jogados fora a todo o momento, sujando o ambiente das cidades; sem contar com as questões das doenças trazidas pelo descontrole ambiental e por insetos e animais que o acúmulo de lixo atrai. O crescimento populacional, a rapidez das mudanças, o consumismo, e vários outros fenômenos desta sociedade invadem as diversas esferas da vida social, econômica, cultural e política, nos envolvendo numa roda viva que nos desvia da necessária e urgente reflexão sobre os problemas causados. Estamos destruindo a sócio-biodiversidade, é preciso rever nossas ações no sentido consciente, ético, responsável e sustentável. Por sua vez tais inovações e necessidades estão levando a educação a novos campos de abordagens temáticas, conceituais e metodológicas. De que forma todas essas tecnologias podem nos auxiliar para melhorar o enfoque na relação ensino / aprendizagem?
O consumismo é um domínio muito poderoso e todos nós estamos envolvidos nele. É preciso urgente encontrar formas de reverter ou direcionar a ideologia do consumo para a aprendizagem do consumo responsável e do cuidado com o meio ambiente. A TV e o computador como fenômenos básicos das civilizações, sociológicos e estéticos, são meios de difundir as produções artístico-culturais. A mídia precisa ser utilizada para provocar reflexões e motivar ações no sentido de intervenção no mundo de forma construtiva. Tirar o sujeito da posição de ‘expectador consumista’ e movimenta-lo para ação ética e estética.
Educadores em todas as áreas estão abordando temas, na perspectiva disciplinar, interdisciplinar e transdiscipinar, relacionados à pedagogia que promove a educação para a cidadania e a conscientização ambiental e planetária. Das mais diversas formas a cultura de consumo e lixo, sustentabilidade, diversidade cultural e cultura de paz vêm movimentando a reflexão e a prática da relação do homem com o planeta em que vive. Dentro da proposta de desenvolver a visão global com ação local, a ecopedagogia não se resume ao ambiente escolar, mas a uma aprendizagem a partir da vida cotidiana, envolvendo todas pessoas de uma comunidade. Assim, projetos sociais, religiosos e ambientais são educativos uma vez que envolve conhecimento, habilidades e atitudes necessárias à preservação e melhoria da qualidade da vida. Em especial a educação ambiental, bem como o estudo das questões relacionadas ao meio ambiente natural e social, não só no Brasil, mas no mundo todo, é uma das mais importantes exigências educacionais contemporâneas, devendo ser dada oportunidade à criatividade de expressão, sendo a escola um dos locais privilegiados para sua realização. A Arte colabora na educação dos sentimentos tão importantes no desenvolvimento do pensamento lógico e na formação da cidadania planetária necessária nos dias atuais.
As diversas formas artísticas de expressão conduzem, através da sensibilização, para necessárias reflexões que por sua vez levam às ações. Assim, a utilização da poesia, da música, da dança, da pintura, do teatro, de maquetes, de charges, de painéis, dos programas de computadores, de vídeos, de obras com materiais reciclados, são formas de aprendizagem que motivam, sensibilizam e movimentam. O espectador transforma-se no ator/artista que é desta vida real, cujo cenário ele é responsável pela construção e manutenção. A ecopedagogia, desenvolvendo a pedagogia do cuidar, visa despertar a pessoa para um outro jeito de estar e viver no mundo, mais integrado com ele.
É preciso estimular nas crianças e jovens, e em todos nós, a criatividade, a autonomia, a auto-estima e a capacidade de refletir criticamente sobre vários assuntos do nosso meio. Para tal olhemos em nossa volta e analisemos como o cultuamos/cultivamos. O primeiro resultado é a mudança na postura pessoal dos envolvidos.Transpondo tais reflexões para as diferentes formas de expressão artísticas serão promovidas outras tantas reflexões e discussões sobre as relações éticas e estéticas na sociedade e com a natureza, fortalecendo-se, assim, as ações em rede de cuidado e proteção à vida.
Maio/2008
Resumo da apresentação em São Leopoldo
I Encontro Metropolitano de Educação Ambiental Martim-pescador

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Saber Cuidar


Leonardo Boff no livro 'Saber cuidar', discorre de forma simples e prazerosamente, acerca do Cuidado como essência humana, mais que a Razão e a Vontade.

A partir de uma fábula antiga sobre o Cuidado, ele aprofunda as suas várias dimensões na vida pessoal, social e planetária.

Boff tece uma crítica poderosa, de ângulo holiístico, ao realismo materialista - a filosofia que sustenta o cienticifismo tecnicista atual. A humanidade estaria cega à dimensão divina que a guiou desde tempos imemoriais. Este realismo materialista teria encurtado realidade ao tamanho dos 5 (cinco) sentidos, organizados pela razão analítica.

O teólogo e filósofo vai da mitologia à cosmologia e física quântica atuais, para ilustrar a necessidade e o surgimento de uma nova cnsciência alternativa ao realismo materialista: a filosofia holística. A perda de conexão com o Todo seria a falta de cuidado, falta da condição essencial humana.

Um novo paradigma (seminal) e re-ligação, re-encantamento pela natureza e da com-paixão pelos que sofrem representa o surgimento de uma ética civilizacional que nos permitirá dar um salto de qualidade de convivência e de paz.

By Tânia Barros - escritora,dramaturga, professora - Niterói-RJ.

domingo, 4 de outubro de 2009

Oficinas em Ecopedagogia

A Escola de Educação Infantil Cofrinho de Mel - Canoas/RS - busca atender profissionais ligados à educação infantil que buscam pelo aprimoramento em sua área de atuação, através de oficinas e cursos.

É o setor de formação continuada da Escola, considerando a LDB nº 9394/96 que define no inciso III, do art. 63, “programas de formação continuada para os profissionais de educação dos diversos níveis”.

Informações:


Sou professor a favor da boniteza de minha própria prática, boniteza que dela some se não cuido do saber que devo ensinar, se não brigo por este saber, se não luto pelas condições materiais necessárias sem as quais meu corpo, descuidado, corre o risco de se amofinar e de já não ser o testemunho que deve ser do lutador pertinaz que cansa, mas não desiste. Boniteza que se esvai de minha prática se, cheio de mim mesmo, arrogante e desdenhoso dos alunos, não canso de me admirar.(FREIRE, Paulo, 1996)

O lançamento ocorreu no sábado 03/09/09 com a oficina ECOPEDAGOGIA - A pedagogia do Cuidar - que reuniu profissionais de Canoas, Porto Alegre, Esteio e Cachoeirinha.

Porto Alegre é exemplo na Agenda 21

Papéis ao vento:
Que fim levaram os principais documentos da ECO-92?
Um dos principais documentos aprovados na ECO-92 não tem força jurídica. É a Agenda 21, um programa de ações rumo ao desenvolvimento sustentável. "Ela é um instrumento fundamental para um país que perdeu a capacidade de planejar", explica Aspásia Camargo, secretária-executiva do Ministério do Meio Ambiente. Mas aí vem a pergunta: se é fundamental, por que o Brasil ainda não tem a sua Agenda 21?
Até o ano passado, a maioria dos países e municípios deveria ter feito uma consulta popular para chegar à sua versão personalizada e consensual. Entretanto, apenas 40 países têm sua Agenda 21 nacional. Alguns deles, como a China, têm seus esforços olhados com desconfiança, pois seu processo não foi considerado participativo. Mesmo nos Estados Unidos, o documento ainda não foi bem digerido e incorporado pelas autoridades e a população.
Aproximadamente 1.800 municípios, em 64 países, já têm sua Agenda 21 local. Cerca de 90% deles estão em países ricos. Na Noruega e na Suécia, quase todas as cidades já cumpriram a lição de casa. No Brasil, as cidades pioneiras foram Porto Alegre, Santos, Vitória, seguidos por São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. "O caso de Porto Alegre foi considerado exemplar por delegados do Mundo todo", comenta Samyra Crespo, da Comissão Anfitriã da Rio+5. "Vale lembrar que a cidade aumentou 80% de sua área verde nos últimos oito anos e que a experiência do orçamento participativo, muito elogiada, já está consolidada".
Aproximadamente 1.800 municípios, em 64 países, já têm sua Agenda 21 local. Cerca de 90% deles estão em países ricos.
Realmente, nestes quatro anos em que venho divulgando a Ecopedagogia e articulando o Projeto Arroio Araçá: Nosso Rio Guri, e nos dois anos em que participo da organização da Romaria das Águas, na região metropolitana, constatei que pouquíssimas são as pessoas que sabem o que é a agenda 21.

Este movimento histórico trouxe várias conquistas.
O resultado depende da nossa forma de agir a partir delas.
E não podemos desanimar.
Rua mais bonita do mundo fica em Porto Alegre
Rua Gonçalo de Carvalho.

"Seja a mudança que você quer ver no mundo”
GANDHI

Graças à vida...

A cantora argentina Mercedes Sosa morreu neste domingo - 04/09/09 , aos 74 anos, depois de permanecer internada por 11 dias em um hospital na cidade de Buenos Aires.

A grande cantora da alma latinoamericana, conhecida como “La Negra”, pelos longos e lisos cabelos negros, foi uma voz importante quando a região estava sob ditaduras. Sua voz poderosa encantou e politizou toda uma geração, tornando-se uma das grandes expoentes da Nueva Canción, um movimento musical latino-americano da década de 60, com raízes africanas, cubanas, andinas e espanholas. No Brasil, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, entre outros artistas, são expressões da Nueva Canción, marcada por uma ideologia de rechaço ao consumismo e desigualdade social.

Mercedes Sosa participou na Comissão de Redação da Carta da Terra juntamente com Mikhail Gorbachev, Maurice Strong, Steven Rockfeller, Leonardo Boff e outros.
Graças à vida que me deu tanto
Me deu dois luzeiros que quando os abro
Perfeito distinguo o preto do branco
E no alto céu seu fundo estrelado
E nas multidões o homem que eu amo
Graças à vida que me deu tanto
Me deu o ouvido que em todo seu comprimento
Grava noite e dia grilos e canários
Martírios, turbinas, latidos, aguaceiros
E a voz tão terna de meu bem amado
Graças à vida que me deu tanto
Me deu o som e o abecedário
Com ele, as palavras que penso e declaro
Mãe, amigo, irmão
E luz iluminando a rota da alma do que estou amando

Graças à vida que me deu tanto
Me deu a marcha de meus pés cansados
Com eles andei cidades e charcos
Praias e desertos, montanhas e planícies
E a casa sua, sua rua e seu pátio

Graças à vida que me deu tanto
Me deu o coração que agita seu marco
Quando olho o fruto do cérebro humano
Quando olho o bom tão longe do mal
Quando olho o fundo de seus olhos claros
Graças à vida que me deu tanto
Me deu o riso e me deu o pranto
Assim eu distinguo fortuna de quebranto
Os dois materiais que formam meu canto
E o canto de vocês que é o mesmo canto
E o canto de todos que é meu próprio canto
Graças à vida, graças à vida...

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Ecopedagogia: Educar para a sustentabilidade


Claudemiro Godoy do Nascimento *

A consciência ecológica levanta-nos um problema profundo e de uma vastidão extraordinária. Temos que defrontar com o problema da vida -bios- no planeta terra, o problema dessa sociedade pós-moderna -neoliberal ainda- e com o problema do destino do ser humano. Isto nos obriga a pensar a questão da própria orientação da chamada civilização ocidental. Nesta primeira década do século XXI somos chamados e chamadas a compreender que revolucionar, desenvolver, inventar, sobreviver, viver e morrer, encontra-se inseparavelmente ligado como já afirma Edgar Morin.Da minha aldeia vejo que a terra pode ver o Universo. Por isso, a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer. Segundo o poeta Fernando Pessoa nós, seres humanos, somos do tamanho daquilo que vemos e não do tamanho da nossa altura.
Neste sentido, gostaria de apresentar algumas reflexões que são resultados de debates organizados pelo Instituto Paulo Freire (IPF) sobre os novos paradigmas da educação. O objetivo é compreender melhor o papel da educação na construção de um desenvolvimento com justiça social, centrado nas necessidades humanas e que não agrida ao meio ambiente, daí a necessidade de uma "ecopedagogia" que nos ensina a viver de forma sustentável. O educador Francisco Gutiérrez, diretor do IPF da Costa Rica, foi o primeiro a criar a concepção de ecopedagogia em 1992 por ocasião da ECO-92 realizada na cidade do Rio de Janeiro.
Para se entender o que seja ecopedagogia, precisamos compreender o que vem a ser pedagogia e o vem a ser sustentabilidade. Francisco Gutiérrez e Daniel Prieto definem pedagogia como o trabalho de promoção da aprendizagem através dos recursos necessários ao processo educativo no cotidiano das pessoas. O cotidiano e a história fundem-se num todo. A cidadania ambiental local torna-se cidadania planetária.
Para ambos os autores, parece impossível construir um desenvolvimento sustentável sem uma educação para o desenvolvimento sustentável. Esse desenvolvimento sustentável requer quatro condições básicas para se efetivar no cotidiano das pessoas, a saber: 1) que seja economicamente factível; 2) que seja economicamente apropriado; 3) que seja socialmente justo; 4) e que seja culturalmente eqüitativo, respeitoso e sem discriminação de gênero.
O desenvolvimento sustentável, mais do que um conceito científico, é uma idéia-força e mobilizadora neste século XXI que se avança. As pessoas e a sociedade civil, em parceria com o Estado, precisam dar sua parcela de contribuição para criar cidades e campos saudáveis, sustentáveis, com qualidade de vida. Nesta perspectiva, conclui-se que não pode haver desenvolvimento sustentável sem uma sociedade sustentável, cujas características são:
1) Promoção da vida para desenvolver o sentido da existência. Deve-se partir de uma cosmovisão que vê a terra como único organismo vivo. Na tradição indígena maia, ao invés de agredir a terra para conquistá-la, antes do arado para o cultivo, faz-se uma cerimônia religiosa na qual pedem perdão à Mãe Terra por ter que agredi-la com o arado para dela tirar o seu sustento.
2) Equilíbrio dinâmico para desenvolver a sensibilidade social. Francisco Gutiérrez entende a necessidade do desenvolvimento em preservar os ecossistemas.
3) Congruência harmônica que desenvolve a ternura e o estranhamento, ou seja significa sentir-se como mais um ser - embora privilegiado - do planeta, convivendo com outros seres animados e inanimados.
4) Ética integral entendida como conjunto de valores - consciência ecológica - que dá sentido ao equilíbrio dinâmico e à congruência harmônica e capacidade de auto-realização.
5) Racionalidade intuitiva que desenvolva a capacidade de atuar como um ser humano integral. A racionalidade técnica que fundamenta o desenvolvimento desequilibrado e irracional da economia clássica precisa ser substituída por uma racionalidade emancipadora, intuitiva, que conhece os limites da lógica e não ignora a afetividade, a vida, a subjetividade. O paradigma da racionalidade técnica, concebendo o mundo como um universo ordenado e perfeito, admitindo que é preciso apenas conhece-lo e não transforma-lo acaba por naturalizar também as desigualdades sociais.
6) Consciência planetária que desenvolve a solidariedade planetária. Reconhecermos que somos parte da Terra e que podemos viver com ela em harmonia -participando do seu devir- ou podemos perecer com a sua destruição.
A palavra ecologia foi criada em 1866 pelo biólogo alemão Ernest Haeckel, como um ramo da biologia, para designar o estudo das relações existentes entre todos os sistemas vivos e não-vivos entre si e com seu meio ambiente. São quatro as grandes vertentes da ecologia, a saber:
ü A ecologia ambiental - que se preocupa com o meio ambiente;ü A ecologia social - que insere o ser humano e a sociedade dentro da natureza e propugna por um desenvolvimento sustentável;ü A ecologia mental - que estuda o tipo de mentalidade que vigora hoje e que remonta a vida psíquica humana consciente e inconsciente, pessoal e arquetípica;ü A ecologia integral - que parte de uma nova visão da terra surgida desde os anos 60 do século XX quando pôde ser vista de fora.
A ecopedagogia pode ser vista tanto como um movimento pedagógico e também como uma abordagem curricular. A ecopedagogia como movimento pedagógico pode ser entendido como um movimento social e político a partir da ecologia, pois surge no interior da sociedade civil e nas organizações populares por meio de educadores/as e de ecologistas, trabalhadores/as e empresários/as que se preocupam com o meio ambiente. Nestes tempos recentes, as ONGs é que estão se movimentando na busca por uma pedagogia do desenvolvimento sustentável, pois entendem que sem uma ação pedagógica efetiva, de nada adiantará os grandes projetos de despoluição da natureza e de preservação do meio ambiente.
A ecopedagogia como abordagem curricular implica numa reorientação dos currículos escolares para que incorporem certos princípios defendidos pelo movimento pedagógico. Os conteúdos curriculares têm que ser significativos para o aluno/a e somente será significativo para ele se tais conteúdos forem significativos para a saúde do planeta. Neste sentido, a ecopedagogia também serve para influenciar a estrutura e o funcionamento dos sistemas de ensino. Ela propõe uma nova forma de governabilidade diante da ingovernabilidade do gigantismo dos atuais sistemas de ensino.
Defende-se a idéia de que a ecopedagogia é uma pedagogia de educação multicultural. Porque ela não se dirige apenas aos educadores/as, mas aos habitantes da terra. Hoje, as crianças escolarizadas é que levam para os adultos em casa a preocupação com o meio ambiente. Assim, pode-se afirmar que a ecopedagogia está ligada a um projeto de desenvolvimento sustentável onde se pretende mudar as relações humanas, sociais e ambientais que existem hoje. É uma nova pedagogia dos direitos que associa os direitos humanos aos direitos da terra.
Para se entender este movimento pedagógico é preciso relembrar momentos deste debate onde se pretende passar das questões de educação ambiental à ecopedagogia. A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, de 03 a 14 de junho de 1992, foi um evento paralelo ao Fórum Global 92. Neste fórum foi aprovada a Declaração do Rio, também chamada de Carta da Terra. Esta Carta constitui-se numa Declaração de Princípios globais para orientar a questão do meio ambiente e do desenvolvimento. Este evento ficou conhecido como ECO - 92.
A Rio+5 foi um novo fórum de organizações governamentais e não-governamentais realizado em março de 1997. Nessa conferência se discutiu muito a educação ambiental e se percebeu a importância de uma pedagogia do desenvolvimento sustentável ou de uma ecopedagogia. A ecopedagogia precisa trilhar ainda um longo caminho, não somente de debates acadêmicos, teóricos, mas precisa ser experimentado na prática.
Nosso futuro comum depende de nossa capacidade de entender hoje a situação dramática na qual se encontra o planeta terra devido a deteriorização do meio ambiente. Isto requer a formação de uma nova consciência planetária. Como diz Gutiérrez, existem duas pedagogias opostas, que são: a pedagogia da proclamação que não dá ênfase aos interlocutores enquanto protagonistas do processo. Por outro lado, a pedagogia da demanda, porque parte dos protagonistas e busca em primeira instância a satisfação das necessidades não-satisfeitas desencadeando um processo imprevisível, gestor de iniciativas, propostas e soluções. Os valores que devem sustentar a ecopedagogia são: sacralidade, diversidade e interdependência com a vida; preocupação comum da humanidade de viver com todos os seres do planeta; respeito aos direitos humanos; desenvolvimento sustentável; justiça, eqüidade e comunidade; prevenção dos danos causados. Neste sentido, todo homem e toda mulher é um educador e educadora, pois todos são protagonistas em cuidar do planeta Terra.
Portanto, qualquer pedagogia pensada fora da globalização e do movimento ecológico tem hoje sérios problemas de contextualização. O Estado pode e deve fazer muito mais para a educação ambiental. Todavia, sem a participação da sociedade civil e de uma formação comunitária para a cidadania ambiental, a ação do Estado será limitada. A ecopedagogia não quer oferecer apenas uma nova visão da realidade social do ecossistema, mas dar um novo sentido reeducativo no olhar e na leitura dessa realidade.


E-mail: claugnas@terra.com.br
* Filósofo e Teólogo.


sábado, 12 de setembro de 2009

Ecopedagogia e temas transversais

Você pode já colocar a Ecopedagogia em prática na sala de aula. Todos os meses você vai encontrar na Sala dos Professores da Faber-Castell novas aulas com dicas que vão ajudá-lo nessa tarefa. Os módulos são baseados em trabalhos dentro da sala de aula e tratam, exclusivamente, do tema transversal meio ambiente. As aulas são abrangentes e podem ser aplicadas desde a Educação Infantil e no Ensino Fundamental.
Visite o link abaixo:
http://www.faber-castell.com.br/33276/Educadores/Ecopedagogia/default_ebene2.aspx

Pedagogia... Pedagogias? Ecopedagogia #

...mostrar ao leitor outros caminhos possíveis à Educação, outras vertentes teórico-práticas que orientam as ações educativas, e hoje, enfim, acredito que a aproximação permite apresentar-lhe uma Pedagogia com a qual venho travando intensos e profícuos diálogos: a Ecopedagogia.
A Ecopedagogia é uma vertente de Educação que consiste tanto em uma abordagem curricular quanto em um movimento pedagógico. Sua emergência e gênese se deram no contexto das transformações sociais de travessia no milênio, que coloca o desafio de pensar uma educação para o futuro. Gadotti destaca que a Ecopedagogia não se opõe à educação ambiental. Ao contrário, para a Ecopedagogia a educação ambiental é um pressuposto. A Ecopedagogia incorpora-a e oferece estratégias, propostas e meios para a sua realização concreta.
O movimento da Ecopedagogia surge no seio da iniciativa da Carta da Terra e ganha maior impulso, sobretudo a partir do I Encontro Internacional da Carta da Terra na Perspectiva da Educação, ocorrido em 1999, com o apoio do Conselho da Terra e da Unesco e organizado pelo Instituto Paulo Freire. Nesse mesmo evento, Gadotti apresentou a primeira minuta da Carta da Ecopedagogia, elaborada por ele, com base na obra de Francisco Gutiérrez e na consulta a vários membros do Instituto Paulo Freire. Esse documento encontra-se ainda aberto ao debate, constituindo-se instrumento de trabalho para a construção de uma pedagogia da Terra.O termo Ecopedagogia foi cunhado pelo educador costarriquenho Francisco Gutiérrez no início dos anos 1990. Antes, foi denominada por Gutiérrez de “pedagogia do desenvolvimento sustentável” e traduz a tradição latino-americana de educação popular implementada por Paulo Freire. Sua origem busca elementos na educação problematizadora que se pergunta acerca do sentido da própria aprendizagem, dando sentido ao que fazemos, impregnando de sentido as práticas da vida cotidiana, concebendo o próprio sentido em suas propriedades polissêmicas — construindo o significado, sentindo visceralmente e buscando o vir-a-ser, o sonho, a utopia. Do ponto de vista da sociedade, é considerada como fruto de uma trajetória histórica em que os acontecimentos são partes estruturais de um todo dialético, mutável e complexo e vinculado à realidade macrossocial e seus significados culturais. A natureza, por sua vez, resgata os ideários da nova física, da concepção cósmica do Universo e dos paradigmas holonômicos.
Mas o que é a Ecopedagogia? Para Gutiérrez e Prado ela é uma pedagogia que promove o sentido das coisas a partir da vida cotidiana, ou seja, do caminhar, do vivenciar a abertura de novos caminhos. É por isso uma pedagogia democrática e solidária, fundada na consciência de que pertencemos a uma única comunidade da vida, que desenvolve a solidariedade e a cidadania planetárias. A Ecopedagogia, diferentemente das demais perspectivas de educação que se centravam ora na espiritualidade, na democracia, ou ainda na neutralidade científica, busca na relação entre os sujeitos o aporte ético para uma luta vivaz em prol de uma nova sociedade, habitada por uma nova escola, um novo educador e um novo educando.
# Márcia Carvalho é secretária municipal de Educação, presidenta da Undime - Goiás, pedagoga, psicopedagoga e mestra em Sociedade, Políticas Públicas e Meio Ambiente.

domingo, 30 de agosto de 2009

Ecoformação: olhar global, ação local.


"A ecopedagogia originou-se na preocupação com o sentido da vida cotidiana.
A formação está ligada ao espaço/tempo no qual se realizam concretamente as relações entre o ser humano e o meio ambiente.
Elas se dão sobretudo no nível da sensibilidade,
muito mais do que no nível da consciência.
Elas se dão, portanto, muito mais no nível da sub-consciência:
não as percebemos e, muitas vezes, não sabemos como elas acontecem.
É preciso uma ecoformação para torná-las conscientes.
E a ecoformação necessita de uma ecopedagogia. "

Moacir Gadotti


sábado, 22 de agosto de 2009

Um Ecopedagogo no Movimento Romaria das Águas - RS

O Irmão marista Antonio Cechin, 82 anos, cuja idade não impede de continuar sendo o organizador de diversas pastorais sociais e da Romaria das Águas, nasceu em Santa Maria/RS e desde cedo optou pela vida religiosa. Aos 18 anos, já lecionava no Colégio Rosário, de Porto Alegre. Graduou-se em Letras Clássicas e em Ciências Jurídicas e Sociais. Em 1959, rumou para Paris para se especializar em Economia e Humanismo. De lá, foi trabalhar no Vaticano, como secretário do Promotor Geral da Fé, até o ano de 1961. Sob o papado de João XXIII, acompanhou as preparações e as primeiras nomeações de teólogos que participariam do Concílio Vaticano II. Na volta ao Brasil, começou a aplicar novos métodos de educação catequética, já influenciado, no Brasil, por intelectuais como Paulo Freire. Ambos sofreram a perseguição pela ação junto aos pobres e oprimidos no tempo da ditadura. Irmão Antonio tem, ainda, uma história de organização, compreenção e ação junto com as populações da periferia de Canoas.

Conhecer o Irmão Cechin foi a alegria que não tive de conhecer Paulo Freire pessoalmente. Em 1994, como integrante da comissão de formatura da turma de Pedagogia na UNISINOS, convidei Freire, por telefone, para ser nosso paraninfo. Infelizmente foi na ocasião em que ele teve seu primeiro problema de saúde e foi impedido de vir nos apadrinhar. Porém, anos depois, venho conhecer Irmão Antonio verificando que muitas coisas nos aproximam.
Convivendo com o Irmão Cechin, experimento o mergulho na corrente das águas límpidas da dialógica que Paulo Freire anunciava: o ser humano é um ser de relações pessoais, impessoais, concretas e imaginárias, divinas, espirituais... Relação significativa que implica em diálogo, diálogo que implica em relação significativa, que requer abertura, pluralidade na singularidade, transcendência, criticidade, contextualização, responsabilidade, desafios, e ação pro-ativa, 'no' e 'com' o mundo. Leio em sua história a contemporaneidade e a práxis da pedagogia freireana. Na construção da proposta da Romaria das Águas traz um ‘tema gerador’ que potencializa a ‘reflexão-ação’ para encaminhamentos na resolução de problemas socioambientais nas águas da bacia do Guaíba. Numa ‘atitude democrática solidária’ e de sentimento de justiça com a mãe-natureza e com os catadores, que chama de Profetas da Ecologia, Irmão Cechin realiza uma profunda interligação:

1. busca ‘ligar novamente’ as comunidades com o sagrado da água;

2. busca ‘religar’ as diferentes religiões, que com suas diferenças, num ritual único, encaminham a coleta das águas nas nascentes e o derramamento destas águas limpas nas poluídas do Guaíba, num gesto de compromisso anual pela despoluição de todos os mananciais.

Uma ‘participação socio-política-ambiental’ que acontece na ‘transdisciplinaridade’ para a resolução de questões concretas que carregam em si uma teia abrangente de problemas ecológicos, espirituais, éticos, morais e estéticos.

Irmão Cechin vem superando ‘situações-limite’ e realizando o ‘inédito-viável’ neste 16 anos de Romaria. Na ‘leitura de mundo’ denuncia o conjunto de problemas que envolvem a água, constituindo uma rede de potencialidades que se manifesta na valorização, no respeito e no ‘cuidado’ com os ambientes e com as culturas locais. Estas últimas constituindo-se como instâncias indispensáveis na solução das problemáticas. Com sua ‘amorosidade’ motiva, valoriza, contribui e instiga para a relação e o diálogo na busca de uma sociedade sustentável e solidária focada na vida.

Irmão Antonio, Pedagogo da Indignação e da Esperança, é exemplo na aplicabilidade da ECOPEDAGOGIA.

domingo, 16 de agosto de 2009

Ecopedagogia e Cultura da Sustentabilidade Frente à Globalização


Resumo

Para bem garantir o objetivo de pensar o presente precisamos construir uma outra globalização fundada no princípio da solidariedade. A globalização em si não é problemática, pois representa um processo de avanço sem precedentes na história da humanidade. O que é problemática é a globalização competitiva. Este texto tem por propósito realizar uma análise da ecopedagogia e uma reflexão a cultura da sustentabilidade para o campo da globalização competitiva. Pretende-se que este artigo seje desafiador e convidativo para reflexões de caráter ético e antropológico dos problemas impostos aos seres humanos e ao meio ambiente diante do potencial destrutivo que o desenvolvimento do capitalismo provoca. De caráter antropológico por se tratar da questão coletiva estando esta ávida de novas formas de vida, abrangendo todas as esferas da vida social contendo a possibilidade de um processo de mutação antropológica, no sentido de promover uma nova concepção de homem, e este percebendo que, inserido no universo, não está separado do planeta, e se questione o sentido da vida. E ético, porque os novos princípios que regularizam a atividade humana onde seus atores globais terão de se basear num novo paradigma que tenha a Terra como fundamento e centro. A mudança paradigmática trará com certeza implicações na "educação", tanto na abordagem curricular como no movimento social e político, esta entendida como uma reorientação de nossa visão de mundo. A educação como centro de estudo e de conhecimento deverá estar consciente da sua responsabilidade humana e ambiental. A ecopedagogia ou pedagogia da terra preocupa-se em inserir o indivíduo numa comunidade local e global ao mesmo tempo, esta é a lógica da revolução social ou universal hoje almejada ou possível. Podendo-se destacar na excelência de uma cidadania integral, ativa e plena. É a conquista da cidadania planetária, sendo o acesso aos direitos universais. Portanto, esta implica, também, a existência de uma democracia planetária.


Palavras-chave: Ecopedagogia. Cultura da sustentabilidade. Educação. Cidadania planetária.

Introdução
A sociedade, pela própria imposição da globalização competitiva, está diante de um modelo capitalista que tende a se fortificar ainda mais nas próximas décadas e testemunham a emergência da sustentabilidade como a expressão dominante no debate que envolve as questões do meio ambiente e de desenvolvimento social em sentido amplo. Sua expansão gradual tem influenciado diversos campos do saber e de atividades diversas, entre os quais o campo da educação.
No Brasil, o discurso da educação para a cultura da sustentabilidade ainda é pouco disseminado na literatura e nas práticas que relacionam educação e meio ambiente.
A crescente difusão do discurso do desenvolvimento sustentável veiculado pelo Relatório Brundtland permitiu uma pluralidade de leituras que oscilam e assumem múltiplos sentidos, pronunciado indistintamente por diferentes sujeitos, nos mais diversos contextos sociais, marcado por um mundo globalizado entre relações de dependência política e cultural dos países do centro e da periferia do sistema mundial, e da diversidade de sentidos envolvidos nesta construção dentro do jogo de forças e interesses que nelas se destacam. Diante deste caldeirão de conceitos de sustentabilidade o sistema educacional precisa analisar quais os significados e implicações entre educação e a sustentabilidade. Educar para sustentar o quê? Que fundamentos, valores e interesses estão envolvidos neste processo? Qual a história da construção do discurso da sustentabilidade e de sua inserção na educação? Estas são algumas questões que norteiam a reflexão para a humanidade procurar compreender as relações entre sustentabilidade e a educação.
A perspectiva adotada é baseada nas rupturas tecnológicas que se sucederam ao longo dos últimos séculos, expandindo-se no final do século XVIII a partir da Revolução Industrial. Não se pretende com isto dizer ou propor uma lógica inerente ou inevitável. Tampouco, garantir que a história se repete ou que se repetirá da mesma forma. Ao contrário, a ecopedagogia representa um projeto alternativo global, cujas finalidades são vias de mãos duplas, por um lado, promover a aprendizagem a partir da vida cotidiana e, por outro, a promoção de um novo modelo de civilização sustentável do ponto de vista ecológico.
Os conflitos de interesse como lógica da globalização competitiva leva de forma inevitável à precarização da vida de parcela da população, reconhece-se que uma sociedade democrática cujos aspectos de totalitarismo subsistem dentro do âmbito da sociedade do consumo. Neste sentido o grande desafio do século XXI para a educação será encontrar maneira de fazer preservação do meio ambiente e social um caminho para atingir a prosperidade econômica; respeitando a diversidade cultural do ambiente humano e natural, principalmente do ponto de vista ético. Assim sendo, para Dias:
Nenhum sistema social pode ser mantido por longo período quando a distribuição dos benefícios e dos custos, ou das coisas boas e ruins de dado sistema é extremamente injusta, especialmente quando parte da população está submetida a um debilitante e crônico estado de pobreza. ( DIAS, 2004, p.226 ).
Tanto a opulência quanto a pobreza implica-se no viés de um desenvolvimento insustentável ao longo do tempo, a espécie humana experimenta um grande desafio: a perda do equilíbrio ambiental, acompanhada de erosão cultural, do seu empobrecimento ético e espiritual, também fruto de um tipo de educação que "treina" as pessoas para ser consumidoras úteis, egocêntricas, para ignorar as conseqüências de certos atos perversos. Como nos ensina Paulo Freire em Pedagogia do Oprimido.
Os paradigmas clássicos que orientaram, até agora, a produção e a reprodução da existência do planeta colocaram em risco não apenas a vida do ser humano, mas todas as formas de vida existentes na Terra.


Cultura da Sustentabilidade
Apesar de o tema ambiental ser discutido em "prosa e verso" pelos diversos instrumentos existentes na mídia, pelos 'especialistas' no assunto. A maioria da sociedade vem experimentando resultados negativos, dia a dia, pois ainda não consegue entender a complexidade do assunto e até mesmo, qual é o papel de cada um de nós na contribuição envolvimento e comprometimento com a sua melhoria e conseqüente preservação.
A cultura da sustentabilidade é, pois uma cultura da planetariedade definida por (GADOTTI, 2005, p.24 ) como: "uma cultura que parte do princípio que a Terra é constituída por humanos que são considerados cidadãos de uma única nação".
A ecopedagogia tenta conceituar sustentabilidade dando um novo significado que vai além da preservação dos recursos naturais e da viabilidade de um desenvolvimento sem agressão ao meio ambiente. Esse novo conceito do ponto de vista da pedagogia da terra implica um equilíbrio do ser humano com o universo. Desse modo o verdadeiro desenvolvimento humano deve compreender o conjunto de autonomias individuais das participações comunitárias e da consciência de pertencer à espécie humana. A sustentabilidade que se defende aqui refere ao próprio sentido do que somos de onde viemos e para onde vamos, portanto, somos seres do sentido e doadores de tudo o que nos cerca. É a própria sobrevivência da vida no planeta que está em jogo, ameaçada por formas de relação do homem consigo mesmo, com os outros e com o meio ambiente físico que não servem mais. De certa forma essa nova visão coloca a humanidade diante da perspectiva de uma nova geração de hábitos.
Dessa forma a cultura da planetariedade permite uma visão integrada dos indivíduos no desenvolvimento mútuo da tríade indivíduo/sociedade e espécie. Morin em concordância sobre esse pensamento, observa que.
A Humanidade deixou de constituir, uma noção sem raízes e abstrata: está enraizada em uma "Pátria", a Terra, e a Terra é uma Pátria em perigo. É realidade vital, pois está, pela primeira vez, ameaçada de morte. A Humanidade deixou de constituir uma noção somente ideal, tornou-se uma comunidade de destino, e somente a consciência desta comunidade pode conduzi-la a uma comunidade de vida; a Humanidade é daqui em diante, sobretudo, uma noção ética: é o que deve ser realizado por todos e em cada um. (MORIN, 2004, p. 117).
Se a desunião homem e natureza foi uma conseqüência dessa visão universal, o resgate dessas unidualidade do humano requer urgência máxima. Existe uma visão capitalista do crescimento sustentável e o meio ambiente que, por ser antiecológica, deve ser considerada uma "cilada", como bem disse Leonardo Boff.
O descontrole da produção pode levar a humanidade à destruição do planeta, não por efeito de armas nucleares, mas por esta visão de progresso, a essa possibilidade pode-se dizer a era do exterminismo cuja produção de alta tecnologia é apoiada em discursos desenvolvimentista o qual prega a expansão a qualquer preço. Essa pequena fração de grandes propriedades rurais monocultoras e industriais está inserida em nossa economia. Vive-se num impasse civilizatório: ou corrigi-se os rumos do desenvolvimento, ou agravam-se ainda mais cenários como: escassez dos recursos naturais, aumento da pobreza, violência e das desigualdades sociais, entre outros problemas que ocorrem com incrível velocidade em escala global, precisa-se olhar para o passado, redescobrir a sabedoria da experiência e não deixar subestimar certos problemas. Morin corrobora com essa avaliação, ao afirmar que.
Todo conhecimento comporta risco do erro da ilusão. A educação do futuro deve enfrentar o problema de dupla face do erro e da ilusão. O maior erro; seria subestimar o problema do erro; a maior ilusão seria subestimar o problema da ilusão. O reconhecimento do erro e a ilusão são ainda mais difíceis, porque o erro e a ilusão não se reconhecem em absoluto, como tais. (MORIN, 2004, p.19).
É preciso primeiro deixar-se contaminar pela causa primária da incerteza e descobrir que a razão e a desrazão integram qualquer tipo de conhecimento, mesmo que a ciência insista em não deixar contagiar por percursos: mítico-mágico-imaginários, que sempre se encontram presentes em teorias, conceitos e métodos.


O discurso do desenvolvimento sustentável
Embora o discurso da sustentabilidade possa ser identificado em diversas falas e contextos históricos remotos, foi conceituado pela primeira vez pela ONU em 1979, iniciando nos movimentos sociais em defesa da ecologia; nas conferencias internacionais promovidas pela ONU – Organização das Nações Unidas para debater os temas do meio ambiente e do desenvolvimento; nos relatórios do Clube de Roma.
Sachs reformulou a noção de ecodesenvolvimento, propondo uma estratégia multidimensional dando alternativa de um desenvolvimento que articulava promoção econômica, preservação ambiental e participação social. O seu compromisso com os direitos e desigualdades sociais e com a autonomia dos povos e países mais pobres era de extrema importância. Sachs apontou meios de superar a marginalização e a dependência política cultural e tecnológica dos atores envolvidos nos processos de mudança social
A Comissão de Brundtland, mesmo apoiada por muitas idéias de Sachs, aboliu de seu discurso o que poderia ser uma inovação o conteúdo emancipador do Ecodesenvolvimento, chegando a um discurso diferente ao que Sachs havia proposto. A Comissão ressaltava uma ênfase econômica e tecnológica.
Nesta perspectiva o discurso da sustentabilidade surgiu como um substituto ao discurso do desenvolvimento econômico, atendo-se em sanar um conjunto de contradições expostas e não respondidas por outros modelos de desenvolvimentos anteriores, produzido e difundido pelos países centrais do capitalismo – sobretudo os Estados Unidos.
Segundo documento, divulgado pelo BIRD no dia (10.05.06) durante a 14ª sessão da Comissão das Nações Unidas sobre o desenvolvimento sustentável em Nova York Os principais poluidores continuam sendo os paises mais ricos, no ranking dessa contribuição está os Estados Unidos com 24% do total e os da zona do euro, com 10%. Este mesmo relatório mostra que os países mais ricos consomem mais da metade da energia produzida no mundo. Nos dias atuais a experiência tem demonstrado, por várias evidências, que o agronegócio é um eficiente instrumento de alocação de recursos, mas por outro lado um perverso gestor das disparidades sociais. Comunicar o senso de urgência que deveria inspirar as mudanças na direção da sustentabilidade desejada é tarefa de todos. Compete principalmente ao poder público, que no caso do Brasil prioriza a globalização competitiva sem a predominância da cooperação e da solidariedade. Incluindo nessa luta à sociedade organizada através de grupos, educação, entre outros setores da comunidade.
Neste contexto o termo sustentabilidade associado ao termo "sustentável + desenvolvimento", sofreu muitas críticas, pelo seu uso reducionista. As pessoas não estavam preparadas para lidar com essas questões. As críticas ao conceito de desenvolvimento sustentável e a própria idéia de sustentabilidade vêm do fato de que os ecologistas tratavam separadamente questões sociais e questões ambientais, surgido por um movimento conservador na tentativa elitista dos países ricos no sentido de reservar grandes áreas naturais para seu lazer e contemplação. A preocupação com a Amazônia, por exemplo, não era uma preocupação com a sustentabilidade planetária, mas com a continuidade do "bel-prazer" o que era contraditório com a necessidade da população.
Hoje, diante dessas críticas, para que a luta ecológica obtenha sucesso depende muito da capacidade dos ecologistas incentivarem a população, principalmente nos estrados mais baixos, convencendo-os de que não se trata apenas de atitudes reducionistas. Mas, trata-se de dar uma solução simultânea aos problemas ambientais e sociais os problemas existentes afetam o ser mais emaranhado da natureza que é o ser humano, essa visão errada que a ecologia trata apenas do meio ambiente para viver-se num planeta melhor num futuro distante deve ser desmistificada. Criou-se um duplo sentido ao conceituar esse binômio e recebeu muitas críticas, para alguns a associação desses dois termos tornou-se a expressão do absurdo lógico; pois a união de ambos é, incompatíveis. Quando se fala em sustentabilidade, conspira-se contra um modelo de desenvolvimento "ecologicamente predatório; politicamente perverso e socialmente injusto", revelando-se que o discurso da sustentabilidade, apresentado ao debate público, de ingênuo não tinha nada, priorizava gerenciar a reprodução econômica do capitalismo. Comunicar o senso de urgência que deveria inspirar as mudanças na direção da sustentabilidade desejada é tarefa de todos. Compete principalmente ao poder público, que no caso do Brasil prioriza a globalização competitiva sem a predominância da cooperação e da solidariedade.


Desenvolvimento Sustentável
O conceito de desenvolvimento não é um conceito neutro ele tem um contexto bem preciso dentro de uma ideologia de progresso. O conceito foi utilizado numa visão colonizadora, durante muitos anos em que os países foram divididos em três grupos: "desenvolvidos" em "desenvolvimento" e "subdesenvolvidos", critérios estes, sempre associados a um padrão de industrialização e de consumo. Esse conceito supõe que todas as sociedades devam orientar-se por uma única via de acesso ao bem-estar e a felicidade que são alcançados apenas pela acumulação de bens materiais.
Durante muitos anos era comum se pensar que, o que era bom para a indústria era bom pra a sociedade de um modo geral. Essa crença trazida por peritos convencidos de trabalhar para a razão e para o progresso permaneceu durante décadas pela humanidade. Com isso empobreceram ao enriquecer e destruíram ao criar. É preciso romper com a lógica de que a nação vai bem se o consumo for maior a cada ano.
As políticas econômicas neocolonialistas dos países chamados "desenvolvidos" tinham metas de desenvolvimento a cumprir a qualquer custo, com isso agravou-se o aumento da miséria, da violência e do desemprego. Quando esses modelos econômicos não satisfaziam mais as necessidades capitalistas eram feitos ajustes econômicos transplantando valores éticos e ideais políticos cuja conseqüência foi à destruição de povos das nações.
Esse tipo de desenvolvimento trouxe consigo uma iminente "catástrofe", tem-se hoje a percepção que se deve traduzir essa consciência em ação, para retirar da sustentabilidade essa visão predatória concebendo-a de forma mais antropológica, e menos capitalista para salvar a Terra. É claro que há uma incompatibilidade de princípios entre sustentabilidade e capitalismo. Reconhece-se que a conciliação desses dois termos no atual contexto da globalização competitiva é inconciliável e inaplicável. Na condução do país, o peso do setor do agronegócio é desmedido: considerando salvador da Pátria, para que ele tudo vale e tudo é permitido, é a este modelo de desenvolvimento 'exógeno' que o agronegócio terá de gerar valor, mesmo com um enorme custo social e ambiental, sendo esta a opção do governo. Estando este centrado numa característica contraditória onde se faz um longo caminho de violência e destruição de direitos. É uma ameaça para a humanidade, fere profundamente os direitos humanos. Essa contradição de base está no centro dos debates da carta da Terra.
É impossível haver um crescimento com equidade sustentável, numa economia regida pelo lucro, pela acumulação ilimitada, pela exploração do trabalho e não pelas necessidades das pessoas. As políticas neocolonialistas não desapareceram, mas adquiriram formas mais sofisticadas e suas mudanças não são mais que "máscaras". Os escravagistas de hoje só são diferentes daqueles do século IXX porque não chegam a acorrentar seus empregados, nem colocam à venda os que rendem pouco. Mas seus trabalhadores não possuem água potável, quase nunca se alimentam adequadamente. Quando têm o direito de comer mais de uma vez por dia pagam valores bem maiores pela alimentação do que o salário inicialmente acordados. Em dezembro de 2006 no Palácio do Planalto, por ocasião do lançamento da nova fase da Campanha da OIT e CONATRAE o público presente emocionou-se com depoimento de um trabalhador ex escravo no Iriri, hoje assentado precariamente no Tocantins quando apelando para o presidente, o conclamou: ' Olha para nós, Sr. presidente, vista essa camisa!'. O presidente entrou mudo e saiu calado. ( LEONARDO SAKAMOTO: 'Vive la France' 03/02/2006).
Portanto, no bojo da insegurança alimentar está também à insegurança quanto á água potável sendo o dobro de a insegurança alimentar propriamente dita. Essa situação ofende diretamente o "direito humano à água" que consta no Pacto dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais do qual o Brasil é signatário. A omissão da sociedade civil a estes fatos, e a essa falta de compromisso do espírito de cada um que leva a menosprezar o mal distante, que não nos afeta ou simplesmente está no outro e não em nós.


Educação Sustentável
O desencontro entre a educação e cidadania planetária, são dois mundos que procuram um ao outro, mas não se encontram. É aqui que entra em cena a ecopedagogia: pedagogia da terra. Ela não é uma pedagogia a mais, ao lado de outras pedagogias. Seu sentido está como um projeto alternativo global em que a preocupação não está apenas na preservação da natureza, ou no impacto das sociedades humanas sobre o ambiente natural, mas num ponto de vista sustentável se visto do ponto de vista ecológico (Ecologia integral). Ela está ligada, portanto, a um projeto utópico: mudar as relações humanas, sociais e ambientais que temos hoje. Este é o sentido profundo da ecopedagogia ou da pedagogia da terra. A educação é uma das responsáveis pela a formação do homem, esta deverá estar vinculada aos princípios da dignidade, da participação, da co-responsabilidade, da solidariedade, da eqüidade e da ética. Prepara-lo é preparar as novas gerações, para agir com responsabilidade, ética e sensibilidade dando início a uma educação sustentável.
"O sistema não teme o pobre que tem fome. Teme o pobre que sabe pensar" que favorece sobremaneira, hoje, os modelos neoliberais não é "miséria material das massas, mas sua ignorância", ignorância que faz as pessoas esperarem soluções produzidas pelos sistemas. A função da educação de caráter reconstrutivo político, conclui o autor, "é desfazer a condição de massa de manobra, como bem queria Freire". (DEMO, 2000 ).
O desenvolvimento sustentável vendo de forma crítica tem um componente educativo formidável. Haja vista que a preservação do meio ambiente depende de uma consciência ecológica e a formação da consciência depende da educação.
A ecopedagogia é uma pedagogia para promoção da aprendizagem contextualizada dando sentido das coisas para o cotidiano. Implica uma reorientação dos currículos para incorporar princípios defendidos por ela, como exemplo, orientar a concepção dos conteúdos e a elaboração dos livros didáticos. Jean Piaget ensinou que os currículos devem contemplar o que é significativo para o aluno. Esse conceito é correto, mas é incompleto. Os conteúdos curriculares têm que ser significativos para o aluno, e só terão relevância para ele, se esses conteúdos forem relevantes também para a saúde do planeta, para um contexto mais amplo.
Segundo (GUTIERREZ, 1998, p.21), "só encontramos sentido em caminhar vivenciando o contexto e o processo de desbravar novos caminhos; não apenas observando-o, por isso a educação sustentável é uma pedagogia democrática e solidária".
Como lugar de cultura e de estudo aberto a tudo a educação deve ser reconhecida por sua responsabilidade na participação dos grandes debates relacionados com o processo de transformação da sociedade.
Hoje precisamos de uma pedagogia da Terra e uma ecoformação, não somente para a tomada de consciência de nossa Terra - Pátria, mas também permitir que esta consciência se traduza em vontade de realizar cidadania terrena, proporcionando vinculação mais estreita entre os processos educativos a realidade e a liberdade das populações no exercício da cidadania planetária, para re-educação do homem/mulher, principalmente do homem ocidental, resultado de uma cultura cristã predatória, não podemos mais falar da Terra como um lar, como uma toca, para o bicho-homem, como fala Paulo Freire. Sem uma educação sustentável a terra continuará sendo espaço do nosso sustento. Mas não será o espaço de vida, o espaço do aconchego, de "cuidado". Existem múltiplas formas de viver em relação permanente com nosso planeta e compartilhar a vida com todos os que habitam ou o compõem. A vida só terá sentido se esta existe em relação. A raiz do dilema da humanidade está na forma como se aprende a pensar o mundo: dividindo-o em pedaços, precisa-se reaprender a reajustar a parte e o todo, o texto e o contexto, o global e o planetário e a enfrentar os paradoxos que a globalização competitiva trouxe consigo globalizando de um lado e excluindo do outro.

Considerações finais
A sustentabilidade tornou-se um tema gerador preponderante neste início de século, pensando em um projeto social global sem haver distância entre uma rigorosa formação ética ao lado sempre da estética.
A Ecopedagogia ou a pedagogia da Terra surge como uma luz capaz de reacender num futuro possível a esperança de uma vida digna para todos. A forma como iremos dar continuidade da nossa existência ao planeta cabe a nós decidirmos sobre sua morte ou vida, dos filhos e filhas desta continuidade. E a educação tem muito haver com essa responsabilidade precisamos de uma pedagogia, que recoloque a relação entre a natureza e o ser humano que em algum lugar do passado se perdeu, e hoje é preciso resgatar com urgência.
Uma pedagogia apropriada para essa reconstrução paradigmática, centrada na vida considerando as pessoas, as culturas, o modo de viver, o respeito, à identidade e à diversidade, apropriada para uma cultura de sustentabilidade e da paz. O ser humano é o único ser vivente que se pergunta sobre o sentido da sua vida, se somos humanos é porque sentimos e não apenas porque pensamos. A formação para a ética do gênero humano é fator primordial, esta não pode ser ensinada por meio de lições de moral. Deve formar-se nas mentes com base da consciência de que o humano é, ao mesmo tempo, indivíduo, parte da sociedade, parte da espécie. A pedagogia da terra tem seu fundamento nesse novo paradigma ético e numa nova inteligência do mundo. Neste sentido inteligente é aquele que tem um projeto de vida solidário. Solidariedade hoje não é apenas um valor, mas condição de sobrevivência de todos.
Uma ruptura paradigmática do paradigma mecânico, para aplicar o paradigma sistêmico parece fundamental para que a luta pelo direito da cidadania planetária não venha a ser prisioneira de uma visão instrumental inadequada para as formas ideológicas do atual quadro político, estabelecendo ligações de interdependência. Isto é, uma interação forte entre os povos pelos seus valores e uma educação que aproxime o Oriente do Ocidente. Dentro de uma mundialização, os alunos desenvolvem um conhecimento crítico dos desafios, conscientizando-se da interdependência mundial que lhes permitem acrescer habilidades para tratar dessas questões para a vida em sociedade; formando capital intelectualmente qualificado, uma vez que este se desenvolve em suas motivações intrínsecas. Educar para comunicar-se. Não comunicar para explorar, para tirar benefício do outro, mas para compreendê-lo melhor, isso implica em compreender e constatar que a dignidade humana está presente em todas as múltiplas condições em que se vivem homens e mulheres, sobrepondo-se a lógica de transformar tudo em mercadoria.
Se ainda não é chegada à hora de evaporar-se toda a diferenciação entre lutas sociais, tomando como referência o campo da ecopedagogia, todavia é bem visível o entrelaçamento entre o subjetivo e o objetivo presente na crescente afirmação da solidariedade, da paz com dignidade, das alternativas de trabalho, das redes de debates e de informação.
Estamos começando a assistir ao nascimento do cidadão planetário, embora um pouco tímido, este fato pode ser em decorrência de uma geração que chegou combatendo a ditadura e continua vivendo uma sociedade em que as tentações autoritárias não desapareceram por completo.
Se as necessidades são históricas, não sabemos quais as necessidades das futuras gerações. Entretanto, queremos ter a convicção que futuras gerações terão a esperança e certeza de que existe vida após a globalização competitiva.


REFERÊNCIAS
BOFF, Leonardo. Saber Cuidar. 11ª ed. Petrópolis: Vozes, 2004.
CAVALCANTI, Clóvis. Desenvolvimento e natureza: Estudos para uma sociedade sustentável. São Paulo: Cortez, org. Fundação Joaquim Nabuco, 1995.
DEMO, Pedro. Conhecer e Aprender. Rio Grande do Sul: Artimed, 2000.
DIAS, Genebaldo Freire. Educação Ambiental: Princípios e práticas. 9 ed. São Paulo: Gaia, 2004. p. 226.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 42ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 2005.
GADOTTI, Moacir, Pedagogia da terra: Ecopedagogia e educação sustentável. São Paulo: Fundação Peiropolis, 2005. p. 24.
GIDDENS, Anthony. Mundo em descontrole. Rio de Janeiro: Record, 2000.
GUTIERREZ Francisco; PRADO Cruz. Ecopedagogia e cidadania planetária, São Paulo: IPF/ Cortez, 1998. p. 21.
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 9 ed. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2004. p.19 e 117.
TORRES, Carlos Alberto. (org) Paulo Freire e a educação Latino-Americana no Século XXI. Buenos Aires:Education Review. ISBN 950-9231-63-0 http://www.edrev.asu.edu/reviews%20acessado%20em%2009/4/2006, Clacso e Asdi, 2001.
GONÇALVES, Hortência Abreu. Manual de artigos científicos. São Paulo: Avercamp, 2004.

Autora

Nereis de Paula Ferreira
Profª. Universitária.

Graduada em Ciências Contábeis e Química, especialista em Cont. Gerencial e Empresarial e em Ciências da Educação. Ms. Educação - Cultura da Sustentabilidade.

sábado, 25 de julho de 2009

Sustentabilidade por Lester Brown


16/01/2009 -
Para Lester Brown, um dos mais importantes pensadores ambientais do mundo, a injeção de recursos dos governos norte-americano e europeus não será suficiente para tornar mais sustentável a combalida economia internacional. O momento urgente sugere um plano B. A transição para a sustentabilidade passa, segundo ele, por taxar atividades baseadas na queima de combustíveis fósseis, incentivar o desenvolvimento e uso de energias renováveis e, com isso, criar novos empregos. Em seu mais recente livro, “Plano B mobilização para salvar a civilização, (ainda sem tradução para o português), mostra que evitar o declínio da economia significa impedir o colapso da civilização.
“As corporações precisam reconhecer que seu futuro é inseparável do futuro da civilização e que elas também são responsáveis pela manutenção da vida na Terra. Devem, portanto, contribuir com a construção de uma economia global sustentável. Sem isso, vamos enfrentar um colapso. Nenhuma companhia terá lucro avançando na escalada rumo à destruição. Precisamos rever rapidamente a economia global e particularmente a matriz energética por meio de políticas econômicas que reestruturem taxas e pressionem o mercado a contar a "verdade ambiental", ressalta o especialista.
A “verdade ambiental” a que se refere Brown diz respeito à inabilidade do mercado em incorporar impactos indiretos - também conhecidos como externalidades - causados ao meio ambiente e à sociedade pelas atividades econômicas. A inversão dessa lógica, que seria favorecer as tecnologias e práticas mais limpas em detrimento das baseadas na queima de combustíveis fósseis, representa uma oportunidade para criar novos postos de trabalho.
Apresentar a visão de um futuro sustentável e também os meios práticos para construí-la tem sido a missão de Brown ao longo de 40 anos dedicados à militância ambiental... Apesar de entusiasta do termo desenvolvimento sustentável, Brown acredita que ele não seja muito empolgante. Em sua opinião, a associação de aspectos sociais e políticos à discussão - inicialmente apenas ecológica – esvaziou de certa forma o sentido do conceito. “Ao se tornar tão ampla, a sustentabilidade passou a significar pouco. O termo não mobiliza as pessoas”, ressalta Brown.

Em entrevista exclusiva à repórter Juliana Lopes, da Revista Idéia Socioambiental, Brown falou das medidas necessárias para reverter a tendência de destruição e colocar a economia nos trilhos da sustentabilidade, entre outros temas que o leitor confere a seguir.


Idéia Socioambiental – Como o senhor avalia a evolução do conceito da sustentabilidade?...

Lester Brown – O conceito de desenvolvimento sustentável evoluiu nos últimos 35 anos. A princípio, falávamos apenas de sustentabilidade ecológica, mas o termo tem sofrido mutações para incluir a sustentabilidade social e política. Em alguns pontos, isso é tão amplo que não chega a significar muito. Embora intelectualmente útil, o termo sustentabilidade parece não empolgar e mobilizar as pessoas. Por isso, no Earth Policy Institute, começamos a falar sobre salvar a civilização ao invés de desenvolvimento sustentável porque é disso que realmente se trata.Assim, a discussão adquire um senso de urgência muito maior quanto ao que está em jogo.



Leia a entrevista na íntegra aqui:

Afinal: o que é esta tal de Sustentabilidade?


Sustentabilidade

é um conceito introduzido na década de 80 por Lester Brown,
(Brown foi descrito pelo jornal Washington Post como "um dos mais influentes pensadores do mundo". The Telegraph, de Calcutá, referiu-se a ele como "o gurú do movimento ambiental global". A Biblioteca do Congresso americano solicitou as notas pessoais e manuscritos de Brown, reconhecendo a importância do seu trabalho e o do Instituto, sob sua direção, na formação do movimento ambiental global nas últimas décadas do século XX.)

fundador do Wordwatch Institute,
que definiu comunidade sustentável como a que é capaz de satisfazer as próprias necessidades sem reduzir as oportunidades das gerações futuras.

Mantendo padrão positivo de qualidade,
apresentando no menor espaço de tempo possível autonomia na manutenção
visando harmonia na relação sociedade-natureza.

Em relação ao meio ambiente a sustentabilidade
define-se da seguinte maneira:
A sustentabilidade ambiental é aquela onde as atividades humanas não devem interferir nos ciclos naturais do planeta
permitindo sua auto manutenção e,
ao mesmo tempo,
não devem empobrecer seu capital natural,
que será transmitido às gerações futuras.
Dicas de como ser Sustentável:
Ser socialmente justo
Desenvolver projetos que sejam viáveis, não apenas economicamente falando
Ser ecologicamente correto.

Agenda 21 - um programa de ação sustentável


A Agenda 21 é um programa de ação, baseado num documento de 40 capítulos, que constitui a mais ousada e abrangente tentativa já realizada de promover, em escala planetária, um novo padrão de desenvolvimento, conciliando métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica.
Trata-se de um documento consensual para o qual contribuíram governos e instituições da sociedade civil de 179 países num processo preparatório que durou dois anos e culminou com a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), em 1992, no Rio de Janeiro, também conhecida por ECO-92.
Além da Agenda 21, resultaram desse processo cinco outros acordos: a Declaração do Rio, a Declaração de Princípios sobre o Uso das Florestas, o Convênio sobre a Diversidade Biológica e a Convenção sobre Mudanças Climáticas.

O texto da Agenda 21 completo, com 40 capítulos e um Anexo, pode ser lido ou copiado na seguinte página:

ECOPEDAGOGIA - Educação e Saúde


  • A Ecopedagogia é um conceito ainda em construção e é definido mais como um movimento do que como uma nova teoria de educação.
    No Brasil, o principal centro de estudo sobre a Ecopedagogia é o Instituto Paulo Freire
    O professor Moacir Gadotti , titular da Universidade de São Paulo e diretor do IPF, apresentou o artigo " Pedagogia da Terra - ideias centrais para um debate ", no I Fórum Internacional sobre Ecopedagogia, realizado pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Porto, Portugal, em março de 2000.
  • A ecopedagogia surge, particularmente no Fórum Global 92 , evento paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992, Rio-92, e seus princípios fundamentais.
    "... a ecopedagogia não é uma pedagogia a mais, ao lado de outras pedagogias. Ela só tem sentido como projeto alternativo global onde a preocupação não está apenas na preservação da natureza (Ecologia Natural) ou no impacto das sociedades humanas sobre os ambientes naturais (Ecologia Social), mas num novo modelo de civilização sustentável do ponto de vista ecológico (Ecologia Integral) que implica uma mudança nas estruturas econômicas, sociais e culturais. Ela está ligada, portanto, a um projeto utópico : mudar as relações humanas, sociais e ambientais que temos hoje. Aqui está o sentido profundo da Ecopedagogia , ou de uma Pedagogia da Terra , como a chamamos." (in: Pedagogia da Terra - ideias para um debate", Moacir Gadotti, Portugal, 2000).
  • Gadotti não opõe ecopedagogia à educação ambiental, mas amplia o seu campo de reflexão e de ação. Ele explica que a ecopedagogia está mais para uma educação sustentável , para uma ecoeducação , que não se preocupa apenas com uma relação saudável com o meio ambiente, mas com o sentido mais profundo do que fazemos com nossa existência, a partir da vida cotidiana, e que este sentido está intimamente ligado ao futuro de toda Humanidade e da própria Terra.
  • Gadotti trabalha com conceitos como consciência planetária, cidadania planetária, defendendo uma verdadeira revolução pedagógica e curricular tendo como centro a formação de indivíduos que sejam cidadãos do mundo, no sentido de pertencerem não a uma nação ou a um grupo étnico, mas à Humanidade.
    "Como posso sentir-me estrangeiro em qualquer território se pertenço a um único território, a Terra? Não há lugar estrangeiro para terráqueos, na Terra. Se sou cidadão do mundo, não podem existir para mim fronteiras. As diferenças culturais, geográficas, raciais e outras enfraquecem, diante do meu sentimento de pertencimento à Humanidade."
  • A ecopedagogia seria, assim, uma educação para a cidadania planetária , o que segundo o professor, implica uma reorientação de nossa visão de mundo, uma re-educação para vivermos numa comunidade que é local e global ao mesmo tempo.
  • Gadotti , fala, ainda sobre a necessidade de resgatarmos as utopias de libertação dos anos 60, afirmando que mais do que nunca precisamos lutar por um mundo mais justo e produtivo, num ambiente sustentável. Não é possível, como diz Leonardo Boff , citado no artigo, ter um mundo ecologicamente equilibrado sem justiça social, Boff fala em "justiça social com justiça ecológica".
  • O artigo lembra, também, o sociólogo português Boaventura de Souza Santos , que mostra como saída para a Humanidade a "democracia eco-socialista". Para o sociólogo, "a única utopia possível é a utopia ecológica e democrática justamente porque chegamos ao limite entre um ecossistema finito e uma acumulação capitalista tendenciosamente infinita."
  • Diante de desafios tão grandes, Gadotti fala sobre o papel da educação sustentável ou ecológica nesse projeto utópico. Colocar em questão o modelo econômico capitalista, poluidor e consumista que está levando ao esgotamento dos recursos naturais. "O desenvolvimento sustentável tem um componente educativo formidável: a preservação do meio ambiente depende de uma consciência ecológica e a formação da consciência depende da educação. É aqui que entra em cena a ecopedagogia . Ela é uma pedagogia para a promoção da aprendizagem do sentido das coisas a partir da vida cotidiana."
  • Como a ecologia, a ecopedagogia também pode ser entendida como um movimento social e político . E como todo movimento novo, em processo, em evolução, ele é complexo e, pode tomar diferentes direções, até contraditórias. Ela ainda está em formação e formulação como teoria da educação. Mas já tem se manifestado em diversas práticas educativas que fazem parte do "Movimento pela ecopedagogia" liderado pelo Instituto Paulo Freire.
  • Procurando orientar educadores, Gadotti lista algumas referências dessa pedagogia , reconhecendo que são ainda imprecisas e que bebem em diversas fontes, sendo uma delas Paulo Freire , considerado um dos inspiradores da ecopedagogia , com seu método de aprendizagem a partir do cotidiano. São princípios da ecopedagogia ou de uma Pedagogia da Terra , segundo Moacir Gadotti:
    O planeta como uma única comunidade.
    A Terra como mãe, organismo vivo e em evolução.
    Uma nova consciência que sabe o que é sustentável, apropriado, e faz sentido para a nossa existência.
    A ternura para com essa casa. Nosso endereço é a Terra.
    A justiça sóciocósmica: a Terra é um grande pobre, o maior de todos os pobres.
    Uma pedagogia biófila (que promove a vida): envolver-se, comunicar-se, compartilhar, problematizar, relacionar-se entusiasmar-se.
    Uma concepção do conhecimento que admite só ser integral quando compartilhado.
    O caminhar com sentido (vida cotidiana).
    Uma racionalidade intuitiva e comunicativa: afetiva, não instrumental.
    Novas atitudes: reeducar o olhar, o coração.
    Cultura da sustentabilidade: ecoformação.
  • Ampliar nosso ponto de vista

terça-feira, 16 de junho de 2009

Envelhecimento humano e uma pedagogia para o cuidado


Rosane Terezinha Back Campanelli
Location: http://biblioteca.universia.net/irARecurso.do?page=http%3A%2F%2Fproxy.furb.br%2Ftede%2Ftde_busca%2Farquivo.php%3FcodArquivo%3D377&id=34042795

O envelhecimento da população humana como objeto de estudo é um fenômeno recente na história da humanidade. O aumento na importância desse tema como foco de debates gera significativas mudanças sociais, econômicas e comportamentais que se apresentam como desafios a serem superados quanto à promoção de dignidade a essa ampliação da vida. Esta pesquisa foca essa questão e discute, como recurso para a organização social, uma proposta educativa nomeada pedagogia do cuidado que tem a vida planetária como importante referencial. Ela pretende subsidiar ações voltadas para a formação de cuidadores de idosos institucionalizados. Esse trabalho é o resultado de uma pesquisa bibliográfica e de campo com ênfase em pesquisa participante. O suporte teórico se fundamenta na ecopedagogia que identifica a educação como ação capaz de colaborar no fortalecimento da responsabilidade e do compromisso de cada indivíduo pela sua vida, pela vida das pessoas na sociedade e pela dinâmica eco-desorganizativa/organizativa do planeta. Os Princípios Eco-Vitais da ecopedagogia, os lugares como possibilidades de exclusão e inclusão e as atitudes humanas essenciais, foram a base da organização do que nomeamos Pedagogia do Cuidado. Os autores com maior importância referencial foram Boff, Freire, Keim e Stoer et all. A pesquisa de campo foi realizada numa casa asilar de Blumenau (SC) com financiamento público e privado, que abriga pessoas de diferentes classes sociais, na qual foram entrevistados profissionais que atuam com os idosos, com instrumento composto de questões semiestruturadas. Um instrumento importante para fundamentar a pesquisa foi o diário profissional da pesquisadora que atua nessa instituição como assistente social, no qual estão registrados fatos diários, relevantes para retratar o que acontece e como se dá a rotina de cuidado eatenção aos idosos institucionalizados. Como considerações conclusivas esta pesquisa propõe, para a organização de cursos de cuidadores de idosos, princípios referenciais na perspectiva do cuidado, referenciado nos princípios eco-vitais, nos lugares como possibilidades de inclusão e exclusão social e nas atitudes humanas essenciais. Esses referenciais de natureza filosófica podem se apresentar como aspectos fundantes de uma postura de cuidado com a vida na biosfera terrestre.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Ética e Cuidado


A Humanidade do ser humano é conquistada na relação com outras pessoas e o mundo.

Diante disso surge a responsabilidade ética como a necessidade instransferível de CUIDAR DA VIDA.

Pela dimensão do cuidado nos sentimos ligados e religados a tudo e a todos.
Zero Hora - 16/05/09
Artigo enviado por Janaina Amaral de Oliveira
Obrigado Jana!

terça-feira, 21 de abril de 2009

Dia Mundial do Meio Ambiente

O Dia Mundial do Meio Ambiente é o evento ambiental mais importante das Nações Unidas, celebrado todos os anos no dia 5 de junho em mais de 100 países ao redor do mundo. Estabelecido em 1972 pela Assembléia Geral da ONU, sua comemoração é confiada ao Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), cuja sede internacional está localizada em Nairobi, Quênia.
O propósito do Dia Mundial do Meio Ambiente é focar atenção generalizada na importância do meio ambiente e estimular atenção e ação políticas. O evento procura dar um lado humano para as questões ambientais; conceder poder para as pessoas para que elas se tornem agentes ativos no desenvolvimento sustentável e eqüitativo; promover o entendimento de que comunidades são fundamentais na mudança de atitudes em relação às questões ambientais; e advogar pelas parcerias, que irão garantir que todas as nações e povos gozem de um futuro mais próspero e seguro.
A cada ano uma cidade diferente é escolhida como foco principal da celebração do Dia Mundial do Meio Ambiente. O governo e/ou cidade sedes, em cooperação com o PNUMA, determina o tom do evento. Um tema, um slogan e um logo são selecionados para ser o foco de todo o material promocional e informativo das atividades do Dia Mundial do Meio Ambiente ao redor do mundo.
O interesse no Dia Mundial do Meio Ambiente cresce a cada ano, como evidenciado no número de países que dão apoio a esse importante Dia das Nações Unidas, pela crescente lista de municípios, empresas e comunidades que participam, e pelas centenas de milhares de indivíduos que visitam o sítio virtual do PNUMA no Dia Mundial do Meio Ambiente.
As atividades planejadas antes e durante o Dia Mundial do Meio Ambiente são muitas e diversas. Essencialmente, é um "evento de pessoas", com atividades como comícios nas ruas, paradas de bicicletas, concertos verdes, competições de trabalhos em escolas, plantações de árvores e campanhas de limpeza e reciclagem.
O Dia Mundial do Meio Ambiente também é idealizado para ser um evento "intelectual", provendo oportunidades para seminários, workshops e simpósios sobre preservação da saúde ambiental do planeta para o benefício das gerações futuras. A mídia tem um papel fundamental, e o evento inspira milhares de jornalistas ao redor do mundo a reportar notícias sobre o meio ambiente.
O Dia aumenta a ação e atenção políticas. Funcionários locais e regionais, Chefes de Estado e Governo e, obviamente, Ministros de Meio Ambiente discursam e se comprometem
a "cuidar" da Terra...

www.brasilpnuma.org.br

terça-feira, 10 de março de 2009

Montagem de projetos e atividades de Educação Ambiental

Texto que apresenta em detalhes uma opção para elaboração de projetos.
por Declev Dib-Ferreira em Dicas, Educação Ambiental, Projetos
Fonte: http://www.revistaea.org/
Número 27, Ano VII. Março-Maio/2009

Aqui estou eu, mais uma vez, escrevendo sobre projetos. Já fiz isso mais de uma vez - veja os diversos posts na categoria PROJETOS. Mas sou um entusiasta. Acho que nosso trabalho educativo, seja dentro ou fora da escola, pode ser muito mais aproveitado, aprofundado, "capilarizado" (utilizando um neologismo da área) e solidificado através deles.
O bom desenvolvimento de atividades de educação ambiental depende, muitas vezes, da montagem de um bom projeto, que amarre todas as possibilidades e esclareça as caracteristicas do local e do trabalho a ser realizado.
Descrever seus objetivos e ações pode facilitar o envolvimento de mais pessoas, até mesmo a obtenção de apoios financeiros ou materiais.
Seja qual for a atividade, simples como a montagem de uma exposição, ou um projeto mais completo, um bom planejamento é o primeiro passo para seu sucesso.
Veja um pequeno resumo de como pode ser escrito o seu projeto, lembrando que outras opções podem entrar e se somar à esta idéia:1. Apresentação (quem?) Capa, título do projeto, coordenador do projeto, equipe técnica, local edata.
2. Introdução (o quê? Por quê?) Discorrer, resumidamente, sobre o tema geral no qual o projeto está inserido. Na introdução, a justificativa e a relevância do projeto podem ser apresentadas. Na justificativa, você vai expor as razões teóricas e práticas que tornam importante a realização do trabalho - o que ele vai mudar, e porque ele é fundamental. Pode-se dizer, aqui, qual o Público-alvo do projeto, ou seja, a quem ele se destina.
3. Objetivos (para quê? Para quem?) Os objetivos indicam os resultados a serem alcançados pelo projeto. São construídos com frases que começam com um verbo no infinitivo. São divididos em:Objetivo geral - É o seu resultado a longo prazo, aonde você quer chegar através da execução do projeto. Em geral, estabelece-se apenas um.Objetivo específico - São operacionais, correspondem ao que se pretende pôr em prática através do projeto. Definem as ações que, realizadas, farão o projeto alcançar o objetivo geral.
4. Desenvolvimento (como? Com quê?) Como o projeto será realizado? Chama-se também de metodologia do seu projeto. Considerando que você tem um ponto de partida (situação antes do projeto) e um ponto de chegada (situação após o projeto), esta etapa vai dizer como você vai chegar de um ponto a outro. Entram aqui suas concepções teóricas, a escolha do conjunto de estratégias que você vai utilizar.Desenvolver um curso é uma atividade, mas quais metodologias irão nortear a realização deste curso?
5. Cronograma de atividades (quando?) Deve explicitar como os objetivos serão atingidos. Aqui vamos definir quais atividades - as tarefas - serão desenvolvidas para se alcançar os objetivos específicos descritos. O que se precisa fazer para que os resultados esperados aconteçam? Sabendo o que se vai fazer, deve-se determinar quanto tempo cada atividade necessita para ser desenvolvida e quando ela será realizada.
O cronograma servirá também para a avaliação permanente do projeto. A melhor maneira é fazer uma tabela das atividades x mês de realização:AtividadesMês 1Mês 2Mês 3 Mês 4Mês 5Atividade I xAtividade II x xAtividade III x xAvaliação final x.6. Recurso para a realização do projeto (com o que e quanto?) Resumo financeiro ou dos recursos que requer. Entram os recursos humanos (pessoal) e os materiais (publicações, equipamentos, mesas, cadeiras, materiais de escritório.). Quem vai te dizer o que precisa são as atividades as quais você se dispõe a realizar. Muitas vezes, é necessário fazer um cronograma de desembolso (ou cronograma financeiro): uma tabela como a das atividades, mas com os valores a serem gastos por períodos determinados.
7. Bibliografia (quais as fontes?) Pode-se relacionar, ao final do projeto, os livros, artigos, documentos etc., que nortearam o trabalho.
8. Avaliação e Monitoramento (como acompanhar) Não se trata de avaliar apenas o desempenho daqueles que se submetem ao processo (como os alunos, por exemplo), mas avaliar toda a equipe e o próprio plano elaborado e desenvolvido. Trata-se de avaliar o projeto não como um julgamento, mas para melhorar a prática e consertar possíveis erros. Lembrando que a avaliação é um aspecto que deve estar presente em todos os momentos do processo, do planejamento à conclusão. É imprescindível uma avaliação final ao término do projeto, medindo osresultados imediatos. Estes resultados fornecem instrumentos para futuros projetos.