sábado, 25 de julho de 2009

Sustentabilidade por Lester Brown


16/01/2009 -
Para Lester Brown, um dos mais importantes pensadores ambientais do mundo, a injeção de recursos dos governos norte-americano e europeus não será suficiente para tornar mais sustentável a combalida economia internacional. O momento urgente sugere um plano B. A transição para a sustentabilidade passa, segundo ele, por taxar atividades baseadas na queima de combustíveis fósseis, incentivar o desenvolvimento e uso de energias renováveis e, com isso, criar novos empregos. Em seu mais recente livro, “Plano B mobilização para salvar a civilização, (ainda sem tradução para o português), mostra que evitar o declínio da economia significa impedir o colapso da civilização.
“As corporações precisam reconhecer que seu futuro é inseparável do futuro da civilização e que elas também são responsáveis pela manutenção da vida na Terra. Devem, portanto, contribuir com a construção de uma economia global sustentável. Sem isso, vamos enfrentar um colapso. Nenhuma companhia terá lucro avançando na escalada rumo à destruição. Precisamos rever rapidamente a economia global e particularmente a matriz energética por meio de políticas econômicas que reestruturem taxas e pressionem o mercado a contar a "verdade ambiental", ressalta o especialista.
A “verdade ambiental” a que se refere Brown diz respeito à inabilidade do mercado em incorporar impactos indiretos - também conhecidos como externalidades - causados ao meio ambiente e à sociedade pelas atividades econômicas. A inversão dessa lógica, que seria favorecer as tecnologias e práticas mais limpas em detrimento das baseadas na queima de combustíveis fósseis, representa uma oportunidade para criar novos postos de trabalho.
Apresentar a visão de um futuro sustentável e também os meios práticos para construí-la tem sido a missão de Brown ao longo de 40 anos dedicados à militância ambiental... Apesar de entusiasta do termo desenvolvimento sustentável, Brown acredita que ele não seja muito empolgante. Em sua opinião, a associação de aspectos sociais e políticos à discussão - inicialmente apenas ecológica – esvaziou de certa forma o sentido do conceito. “Ao se tornar tão ampla, a sustentabilidade passou a significar pouco. O termo não mobiliza as pessoas”, ressalta Brown.

Em entrevista exclusiva à repórter Juliana Lopes, da Revista Idéia Socioambiental, Brown falou das medidas necessárias para reverter a tendência de destruição e colocar a economia nos trilhos da sustentabilidade, entre outros temas que o leitor confere a seguir.


Idéia Socioambiental – Como o senhor avalia a evolução do conceito da sustentabilidade?...

Lester Brown – O conceito de desenvolvimento sustentável evoluiu nos últimos 35 anos. A princípio, falávamos apenas de sustentabilidade ecológica, mas o termo tem sofrido mutações para incluir a sustentabilidade social e política. Em alguns pontos, isso é tão amplo que não chega a significar muito. Embora intelectualmente útil, o termo sustentabilidade parece não empolgar e mobilizar as pessoas. Por isso, no Earth Policy Institute, começamos a falar sobre salvar a civilização ao invés de desenvolvimento sustentável porque é disso que realmente se trata.Assim, a discussão adquire um senso de urgência muito maior quanto ao que está em jogo.



Leia a entrevista na íntegra aqui:

Afinal: o que é esta tal de Sustentabilidade?


Sustentabilidade

é um conceito introduzido na década de 80 por Lester Brown,
(Brown foi descrito pelo jornal Washington Post como "um dos mais influentes pensadores do mundo". The Telegraph, de Calcutá, referiu-se a ele como "o gurú do movimento ambiental global". A Biblioteca do Congresso americano solicitou as notas pessoais e manuscritos de Brown, reconhecendo a importância do seu trabalho e o do Instituto, sob sua direção, na formação do movimento ambiental global nas últimas décadas do século XX.)

fundador do Wordwatch Institute,
que definiu comunidade sustentável como a que é capaz de satisfazer as próprias necessidades sem reduzir as oportunidades das gerações futuras.

Mantendo padrão positivo de qualidade,
apresentando no menor espaço de tempo possível autonomia na manutenção
visando harmonia na relação sociedade-natureza.

Em relação ao meio ambiente a sustentabilidade
define-se da seguinte maneira:
A sustentabilidade ambiental é aquela onde as atividades humanas não devem interferir nos ciclos naturais do planeta
permitindo sua auto manutenção e,
ao mesmo tempo,
não devem empobrecer seu capital natural,
que será transmitido às gerações futuras.
Dicas de como ser Sustentável:
Ser socialmente justo
Desenvolver projetos que sejam viáveis, não apenas economicamente falando
Ser ecologicamente correto.

Agenda 21 - um programa de ação sustentável


A Agenda 21 é um programa de ação, baseado num documento de 40 capítulos, que constitui a mais ousada e abrangente tentativa já realizada de promover, em escala planetária, um novo padrão de desenvolvimento, conciliando métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica.
Trata-se de um documento consensual para o qual contribuíram governos e instituições da sociedade civil de 179 países num processo preparatório que durou dois anos e culminou com a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), em 1992, no Rio de Janeiro, também conhecida por ECO-92.
Além da Agenda 21, resultaram desse processo cinco outros acordos: a Declaração do Rio, a Declaração de Princípios sobre o Uso das Florestas, o Convênio sobre a Diversidade Biológica e a Convenção sobre Mudanças Climáticas.

O texto da Agenda 21 completo, com 40 capítulos e um Anexo, pode ser lido ou copiado na seguinte página:

ECOPEDAGOGIA - Educação e Saúde


  • A Ecopedagogia é um conceito ainda em construção e é definido mais como um movimento do que como uma nova teoria de educação.
    No Brasil, o principal centro de estudo sobre a Ecopedagogia é o Instituto Paulo Freire
    O professor Moacir Gadotti , titular da Universidade de São Paulo e diretor do IPF, apresentou o artigo " Pedagogia da Terra - ideias centrais para um debate ", no I Fórum Internacional sobre Ecopedagogia, realizado pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Porto, Portugal, em março de 2000.
  • A ecopedagogia surge, particularmente no Fórum Global 92 , evento paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992, Rio-92, e seus princípios fundamentais.
    "... a ecopedagogia não é uma pedagogia a mais, ao lado de outras pedagogias. Ela só tem sentido como projeto alternativo global onde a preocupação não está apenas na preservação da natureza (Ecologia Natural) ou no impacto das sociedades humanas sobre os ambientes naturais (Ecologia Social), mas num novo modelo de civilização sustentável do ponto de vista ecológico (Ecologia Integral) que implica uma mudança nas estruturas econômicas, sociais e culturais. Ela está ligada, portanto, a um projeto utópico : mudar as relações humanas, sociais e ambientais que temos hoje. Aqui está o sentido profundo da Ecopedagogia , ou de uma Pedagogia da Terra , como a chamamos." (in: Pedagogia da Terra - ideias para um debate", Moacir Gadotti, Portugal, 2000).
  • Gadotti não opõe ecopedagogia à educação ambiental, mas amplia o seu campo de reflexão e de ação. Ele explica que a ecopedagogia está mais para uma educação sustentável , para uma ecoeducação , que não se preocupa apenas com uma relação saudável com o meio ambiente, mas com o sentido mais profundo do que fazemos com nossa existência, a partir da vida cotidiana, e que este sentido está intimamente ligado ao futuro de toda Humanidade e da própria Terra.
  • Gadotti trabalha com conceitos como consciência planetária, cidadania planetária, defendendo uma verdadeira revolução pedagógica e curricular tendo como centro a formação de indivíduos que sejam cidadãos do mundo, no sentido de pertencerem não a uma nação ou a um grupo étnico, mas à Humanidade.
    "Como posso sentir-me estrangeiro em qualquer território se pertenço a um único território, a Terra? Não há lugar estrangeiro para terráqueos, na Terra. Se sou cidadão do mundo, não podem existir para mim fronteiras. As diferenças culturais, geográficas, raciais e outras enfraquecem, diante do meu sentimento de pertencimento à Humanidade."
  • A ecopedagogia seria, assim, uma educação para a cidadania planetária , o que segundo o professor, implica uma reorientação de nossa visão de mundo, uma re-educação para vivermos numa comunidade que é local e global ao mesmo tempo.
  • Gadotti , fala, ainda sobre a necessidade de resgatarmos as utopias de libertação dos anos 60, afirmando que mais do que nunca precisamos lutar por um mundo mais justo e produtivo, num ambiente sustentável. Não é possível, como diz Leonardo Boff , citado no artigo, ter um mundo ecologicamente equilibrado sem justiça social, Boff fala em "justiça social com justiça ecológica".
  • O artigo lembra, também, o sociólogo português Boaventura de Souza Santos , que mostra como saída para a Humanidade a "democracia eco-socialista". Para o sociólogo, "a única utopia possível é a utopia ecológica e democrática justamente porque chegamos ao limite entre um ecossistema finito e uma acumulação capitalista tendenciosamente infinita."
  • Diante de desafios tão grandes, Gadotti fala sobre o papel da educação sustentável ou ecológica nesse projeto utópico. Colocar em questão o modelo econômico capitalista, poluidor e consumista que está levando ao esgotamento dos recursos naturais. "O desenvolvimento sustentável tem um componente educativo formidável: a preservação do meio ambiente depende de uma consciência ecológica e a formação da consciência depende da educação. É aqui que entra em cena a ecopedagogia . Ela é uma pedagogia para a promoção da aprendizagem do sentido das coisas a partir da vida cotidiana."
  • Como a ecologia, a ecopedagogia também pode ser entendida como um movimento social e político . E como todo movimento novo, em processo, em evolução, ele é complexo e, pode tomar diferentes direções, até contraditórias. Ela ainda está em formação e formulação como teoria da educação. Mas já tem se manifestado em diversas práticas educativas que fazem parte do "Movimento pela ecopedagogia" liderado pelo Instituto Paulo Freire.
  • Procurando orientar educadores, Gadotti lista algumas referências dessa pedagogia , reconhecendo que são ainda imprecisas e que bebem em diversas fontes, sendo uma delas Paulo Freire , considerado um dos inspiradores da ecopedagogia , com seu método de aprendizagem a partir do cotidiano. São princípios da ecopedagogia ou de uma Pedagogia da Terra , segundo Moacir Gadotti:
    O planeta como uma única comunidade.
    A Terra como mãe, organismo vivo e em evolução.
    Uma nova consciência que sabe o que é sustentável, apropriado, e faz sentido para a nossa existência.
    A ternura para com essa casa. Nosso endereço é a Terra.
    A justiça sóciocósmica: a Terra é um grande pobre, o maior de todos os pobres.
    Uma pedagogia biófila (que promove a vida): envolver-se, comunicar-se, compartilhar, problematizar, relacionar-se entusiasmar-se.
    Uma concepção do conhecimento que admite só ser integral quando compartilhado.
    O caminhar com sentido (vida cotidiana).
    Uma racionalidade intuitiva e comunicativa: afetiva, não instrumental.
    Novas atitudes: reeducar o olhar, o coração.
    Cultura da sustentabilidade: ecoformação.
  • Ampliar nosso ponto de vista