domingo, 2 de dezembro de 2012

Nestes tempos chegados...de princípios e fins...


O sociólogo polonês Zygmunt Bauman, 84 anos, escreve sobre o momento histórico no qual  vivemos sob a metáfora da liquidez. No mundo contemporâneo cujo contexto se desfaz e refaz a todo instante, numa velocidade cada vez maior,  nada mais é tão palpável como fomos acostumados a lidar, onde as possibilidades, como as problemáticas, se avolumam. A falta de coerência e de direção do fluxo dos acontecimentos, muitos deles virtuais, atinge nossos inconscientes, nos conduzem pela correnteza do cotidiano, nos colocam em meio a situações cujas ações, quando definidas, já não são as mais adequadas, e as soluções escorrem pelos dedos.

É o mundo de incertezas que Morin apontava em 2000, através de seu livro Os sete saberes necessários à educação do futuro, alertando para a necessária ética em seus pilares no respeito, na justiça e na dignidade para a convivência saudável e bem estar social.

Em entrevista à ISTOÉ, por e-mail, Bauman nos ajuda a refletir sobre as consequências desta avalanche no mundo líquido, muitas preocupantes, entre elas a indiferença e ressentimento mútuo. E suas causas, cujos temas atingem a sociedade brasileira, tais como: consumo como soluções às frustrações, tráfico de drogas,  relacionamentos virtuais, valores momentâneos, liberdade, violência, 
insegurança, ...

ISTOÉ - As pessoas estão conscientes dessa situação?


ZYGMUNT BAUMAN - Acredito que todos estamos cientes disso, num grau ou outro. Pelo menos às vezes, quando uma catástrofe, natural ou provocada pelo homem, torna impossível ignorar as falhas. Portanto, não é uma questão de “abrir os olhos”. O verdadeiro problema é: quem é capaz de fazer o que deve ser feito para evitar o desastre que já podemos prever? O problema não é a nossa falta de conhecimento, mas a falta de um agente capaz de fazer o que o conhecimento nos diz ser necessário fazer, e urgentemente. Por exemplo: estamos todos conscientes das conseqüências apocalípticas do aquecimento do planeta. E todos estamos conscientes de que os recursos planetários serão incapazes de sustentar a nossa filosofia e prática de “crescimento econômico infinito” e de crescimento infinito do consumo. Sabemos que esses recursos estão rapidamente se aproximando de seu esgotamento. Estamos conscientes — mas e daí? Há poucos (ou nenhum) sinais de que, de própria vontade, estamos caminhando para mudar as formas de vida que estão na origem de todos esses problemas. (grifo nosso)

Trazendo novamente os saberes necessários  de Morin, estamos ameaçados pelo erro e pela ilusão, uma vez que o mundo se apresenta sob vários pontos de vistas, nos provocando a sair da comodidade de um ponto conhecido e olhar sobre vários ângulos a fim de se compreender os fenômenos e suas causas. A transição de paradigmas, que são poderosos sobre as idéias, partindo-se da concepção positivista (real, certo, preciso,... ordem e progresso) para o da complexidade (ordem, desordem, auto-organização, integração e desintegração,...) movimenta conhecimentos e sentimentos, uma vez que, as consciências partem de um modelo conhecido, absoluto, de certezas incontestáveis, tendo que rever valores e reverter conceitos, reconhecendo-os a partir de uma visão mais ampla, flexível e aberta. Para a compreensão deste processo com características, ainda, da provisoriedade, do imprevisto, da divergência, é necessário o desenvolvimento do pensamento complexo na tomada de consciência e cuidado com as relações na contemporaneidade.



Princípios Miro Saldanha

Moça, escuta um minuto e me olha de frente!
Eu tenho em caráter urgente o que vou te falar!
O brilho em meus olhos demonstra que são verdadeiras
As poucas palavras matreiras que eu tento juntar.
Começo é desfile de imagens, promessas vazias,
Posturas que o dia-a-dia vai desmascarar;
Por isso, é melhor me mostrar;
Talvez pra parar por aqui
Se, acaso, conceitos antigos não sirvam pra ti.

Eu creio que a mãe amamenta e que o seio é pureza;
Que o pai põe o pão sobre a mesa e retira o chapéu;
E que, enquanto existir Deus no céu
E um teto por sobre um casal,
O amor repetirá no tempo esse mesmo ritual!


E ainda que o mundo, girando, no abismo se jogue,
E o homem, sem rumo, se afogue em prazeres banais,
Quando o sol, que fecunda os trigais,
Voltar a deitar sobre a flor,
Guitarras pontearão milongas pra falar do amor!
Que bom que a mulher, hoje em dia, apressou o passo
E ajuda a segurar os laços de uma relação!
Mas a idéia de casa e família virou sacrifício
E eu não vejo a rua e o vício como evolução.
Eu te quero, e não é pra brinquedo de casa e separa!
E é bom que quem olha na cara veja o coração!
Entendo que os tempos mudaram!
Porém, pelo sim, pelo não,
Princípios resistem ao tempo e jamais mudarão.


...Guitarras pontearão milongas pra falar do amor!
Guitarras pontearão milongas pra falar do amor!

Um comentário:

  1. Belas e úteis abordagens.Zygmund Bauman aborda bem o assunto.
    Maria Ines,gratidão por seguir nosso blog e por nos permitir este compartilhar.Assim, buscamos FAZER nossa parte, e não apenas postar, ler..Nos pronunciamos, nos mostramos presente, SENTIMOS.
    Liana Utinguassú

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