
Conhecer o Irmão Cechin foi a alegria que não tive de conhecer Paulo Freire pessoalmente. Em 1994, como integrante da comissão de formatura da turma de Pedagogia na UNISINOS, convidei Freire, por telefone, para ser nosso paraninfo. Infelizmente foi na ocasião em que ele teve seu primeiro problema de saúde e foi impedido de vir nos apadrinhar. Porém, anos depois, venho conhecer Irmão Antonio verificando que muitas coisas nos aproximam.
Convivendo com o Irmão Cechin, experimento o mergulho na corrente das águas límpidas da dialógica que Paulo Freire anunciava: o ser humano é um ser de relações pessoais, impessoais, concretas e imaginárias, divinas, espirituais... Relação significativa que implica em diálogo, diálogo que implica em relação significativa, que requer abertura, pluralidade na singularidade, transcendência, criticidade, contextualização, responsabilidade, desafios, e ação pro-ativa, 'no' e 'com' o mundo. Leio em sua história a contemporaneidade e a práxis da pedagogia freireana. Na construção da proposta da Romaria das Águas traz um ‘tema gerador’ que potencializa a ‘reflexão-ação’ para encaminhamentos na resolução de problemas socioambientais nas águas da bacia do Guaíba. Numa ‘atitude democrática solidária’ e de sentimento de justiça com a mãe-natureza e com os catadores, que chama de Profetas da Ecologia, Irmão Cechin realiza uma profunda interligação:
1. busca ‘ligar novamente’ as comunidades com o sagrado da água;
2. busca ‘religar’ as diferentes religiões, que com suas diferenças, num ritual único, encaminham a coleta das águas nas nascentes e o derramamento destas águas limpas nas poluídas do Guaíba, num gesto de compromisso anual pela despoluição de todos os mananciais.
Uma ‘participação socio-política-ambiental’ que acontece na ‘transdisciplinaridade’ para a resolução de questões concretas que carregam em si uma teia abrangente de problemas ecológicos, espirituais, éticos, morais e estéticos.
Irmão Cechin vem superando ‘situações-limite’ e realizando o ‘inédito-viável’ neste 16 anos de Romaria. Na ‘leitura de mundo’ denuncia o conjunto de problemas que envolvem a água, constituindo uma rede de potencialidades que se manifesta na valorização, no respeito e no ‘cuidado’ com os ambientes e com as culturas locais. Estas últimas constituindo-se como instâncias indispensáveis na solução das problemáticas. Com sua ‘amorosidade’ motiva, valoriza, contribui e instiga para a relação e o diálogo na busca de uma sociedade sustentável e solidária focada na vida.
Irmão Antonio, Pedagogo da Indignação e da Esperança, é exemplo na aplicabilidade da ECOPEDAGOGIA.
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